Pesadelo de sábado de manhã

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Como temos tido uma “época festiva” complicada e cheia de stress, aproximamo-nos do natal sem ter todas as prendas compradas. Por isso, decidimos juntar o útil ao agradável e combinámos um passeio por Almada no Sábado de manhã para acabarmos as nossas compras natalícias no comércio tradicional em vez de no centro comercial.

Saímos de casa pouco antes das dez e começámos a subir a avenida; o Tiago parou à porta do Sambinha e decidiu que não ia andar mais. Foram cerca de três minutos, desde que saímos de casa e até que começou a embirração.

Levei-o às cavalitas até à Polux que abriu na Afonso Henriques, onde foi preciso uma ginástica complicada para o Tiago não deitar a mão às garrafas de cristal de 700 euros que havia nas prateleiras.

Procurar e escolher um item para oferecer foi complicadíssimo porque ele só queria ir para o chão, onde pretendia deitar-se; tê-lo-íamos deixado, não fosse o chão estar molhado de ter acabado de ser lavado.

As senhoras da loja tentaram distraí-lo com fitinhas e brincadeiras que ele recusou, irritado.

No fim, acabei por ter que sair com ele da loja e sentar-me num banco no passeio, onde ele se rebolou, sempre rabujando.

Seguimos caminho, com ele a andar pelo seu próprio pé… durante mais ou menos 300 metros. Depois foi preciso pô-lo às cavalitas novamente.

Entrar em lojas daí para a frente foi quase impossível, com o Tiago ao colo a debater-se para ir para o chão e uma vez no chão, ou se deitava e rebolava no dito ou queria colo novamente.

Acabámos por ir com ele ao jardim, onde ele gosta de correr e brincar, mas desta vez decidiu ajoelhar-se no chão.

Já com a paciência no limite, sentámo-nos num banco de jardim e ignorámo-lo o melhor que pudemos; ter que manter alguma vigilância torna as coisas difíceis.

Depois de uns minutos no meio do chão, percebendo que não o íamos buscar, lá se levantou e veio fazer a mesma fita mais perto dos pais.

Decidimos seguir para Praça São João Baptista e tentar comer qualquer coisa num café. O Tiago subiu de bom grado as escadas até lá cima, já que adora escadas, mas depois, quando viu a fonte, tornou-se impossível fazer qualquer coisa que não fosse tentar impedi-lo de saltar lá para dentro.

Cavalitas novamente e voltar para casa, com fome, porque a ideia de ainda estar a tentar que o miúdo se comportasse minimamente num café era mais do que estávamos dispostos a aturar.

De regresso, demos com uma banda a tocar músicas de natal na Renovação. O Tiago, que adora música, começou logo a bater palmas e estivemos ali um pouco a assistir à performance.

O resto do regresso foi igualmente mau: ao colo contorce-se para ir para o chão, no chão, aterra ou anda 100 metros e pede colo novamente. Às cavalitas vai bem, mas porra… eu tenho andado mal das costas e isto não ajuda especialmente.

Conseguiu ainda atirar-se para o chão no elevador e novamente, no hall, quando chegámos a casa.

Quando lhe dei água a beber e ele, ao terceiro golo, cuspiu tudo fora, expliquei-lhe que hoje não há televisão. Nem 5 minutos, nem 1 minuto, nem nada, zero. Foi o limite. Portou-se demasiado mal para ser verdade.

Ele é pequeno e fiquei na dúvida que compreendesse algo deste género, mas se não faço qualquer coisa, enlouqueço.

Duas horas num belo sábado de manhã, com um Sol de Inverno bestial, a passear pela cidade de Almada que está fantástica, com o metro, os passeios arranjados, uma zona pedonal, lojas novas a começar a abrir, pessoas de um lado para o outro, música e decorações de natal e o sacana do puto é incapaz de se portar bem durante mais que três minutos seguidos.

Em suma, o meu fim de semana acabou de começar e já estou com saudades do trabalho!

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16 comentários a “Pesadelo de sábado de manhã”

  1. jorge says:

    Os meus parabéns por teres optado pelo comércio tradicional. Eu sei o que são essas birras porque a minha Matilde tem 23 meses e de vez em quando dá-lhe para essas coisas tambem…

  2. … as verdadeiras férias começam quando chegamos ao trabalho …

  3. tatas says:

    e do carrinho já não gosta?
    o vasco às tantas tb já se aborrece de ir no carrinho, mas qd sai adora andar a empurrá-lo, por isso ando sempre com o carrinho atrás que fico mais descansada : )
    hoje saímos mais ou menos à mesma hora que vcs, fomos à praça onde ele andou a pé a empurrar o carrinho e a guardar as compras nele, e depois ainda almoçamos numa esplanada, entretanto está a dormir a sesta desde as 2 : |

  4. someone says:

    Nada que uma palmada no rabiosque não resolvesse …

  5. deKruella says:

    Xiiii…eu no fds passado assisti à primeira birra do meu caganito de 2 anos…isto é que ele esperneava e gritava e chorava e eu sozinha com o bicho no meio da confusão, com as costas todas quebradas e com a paciência a esgotar…

  6. ViciousCat says:

    Diz-me lá o que tem de mal em dar uma palmada no rabiosque do menino? Já sei: és contra a violência e que isso não é uma boa forma de educar o miudo…

    Caramba, penso que o “someone” nao estava a dizer para espancares o miudo! Nessas idade eles não entendem nada, por isso é que fazem essas birras fantásticas! Com castigos tb n vais lá, pq o miudo ja se esqueceu, no entanto se lhe deres uma palmada no rabiosque no momento em que ele está a dar esse espectaculo, talvez perceba que nao o deva fazer!

    • Há vários factores a ter em conta aqui, por isso falei em ignorância. Ignorância é não ter conhecimento de dado assunto ou situação.

      Os miúdos têm todos personalidades diferentes dado que são pessoas como quaisquer outras, simplesmente mais imaturas (e mesmo assim, não sei, tendo em conta o calibre mental de certos adultos…).

      Para dar uma palmada no rabo de uma criança de fralda para que a sinta, é preciso colocar alguma ênfase muscular na coisa e não me parece adequado, para um miúdo tão pequeno.

      E mais: o que faz uma palmada numa situação de birra? “Resolve”, diz o tal ‘someone’. Resolve o quê, exactamente?

      A diferença é que passava de ter um miúdo a portar-se mal, para um miúdo a portar-se mal e a chorar.

      Não sei se tens filhos para dizeres o que dizes, mas “nesta idade eles não entendem nada” é a mais pura das fantasias. A verdade é que nesta idade, eles entendem tudo e a única maneira de gerir birras, é ignorá-las.

      Agora que penso nisso, a palmada durante a birra deve ser a suprema forma de atenção e provavelmente uma garantia de que a birra se repetirá em breve.

      Já agora, posso acrescentar que o castigo da televisão, básico e elementar não terá funcionado tão bem como ver o pai realmente zangado. E só pela cara que ele fez quando falei com ele sobre o que se tinha passado, mostra perfeitamente que se achas que “eles não entendem nada”, das duas uma: ou não tens filhos, ou andas a tratá-los como crianças.

      Não te deixes enganar.

      PS: acho que as palmadas se devem guardar para quando há perigo envolvido e não apenas quando os paizinhos estão a ser incomodados, oh tadinhos.

  7. Caro Pedro,

    embora tenha-se deparado com um problema diferente sugiro o visionamento desta reportagem de hoje da RTP

    http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=378955&tema=1&pagina=&palavra=agress&ver=1

    Cumprimentos,
    RM

    • Bom, esse documentário é assustador!

      Acredito em limites, rotinas e regras. Desde muito pequeno que o Tiago tem um dia estruturado, com horas para tudo: comer, tomar banho, ir para a cama.

      Há coisas em que o Tiago não pode mexer, coisas que o Tiago não pode fazer e quando é mais agressivo ouve sempre um “não”.

      Nunca compararia uma birra do meu filho de ano e meio com qualquer dessas situações. Até porque as crianças nesta idade são muito dadas a birras porque é das poucas formas que têm de libertar-se das suas frustrações e, no dia-a-dia, o Tiago é um miúdo brincalhão, divertido, simpático e sorridente.

      Acredito que haja muitos pais que, como costumo dizer, tratam os filhos como animais de estimação. Estão ali… dá-se-lhes comer, compra-se-lhes brinquedos e faz-se uma ocasional festinha na cabeça. Parece-me que isso possa ser extremamente frustrante para uma criança que deseja, acima de tudo, a atenção dos pais.

      E finalmente, preciso de dizer isto porque me parece sempre importante: estas reportagens têm sempre, para mim, uma falácia: o senhor psicólogo que “inventou” o termo “pequeno ditador”, escreveu um livro, estamos no Natal e deve-lhe dar imenso jeito aparecer em várias televisões pela Europa para ver se dá vazão à primeira edição.

      É uma coisa que se vê com frequência e que me incomoda… quando se fala de um assunto, aparece muitas vezes um especialista que inventou um termo e escreveu um livro; isto transforma uma peça jornalística, num anúncio de 10 minutos.

  8. Loira says:

    Pelo que leio sobre estas idades, o ignorar é mesmo a melhor opçao, mas quando ele pára de fazer a birra… dar mta atençao, assim que começa a birra… ignora-lo! Mas eu quando os tiver e se houver birra, nao sei se vou ter calma para isso… e na volta perco a teoria toda e começo a distribuir palmadas! ;)

  9. Nelito Carrapito says:

    Acho que o melhor que fazes é ignorar as birras mesmo. A minha só me fez uma birra assim no vasco da gama e, com ela no chão, só parou quando eu comecei a perguntar às pessoas que passavam se a miúda, que estava no chão a fazer a fita era deles, a fingir que minha não era. E sim, eles sabem perfeitamente e têm consciencia do que fazem. Ele estava a medivos e a ver até onde podia ir.

    Mas Almada está fantástica não está?

    (A minha mulher está a tocar saxofone na banda da Incrível Alamadense que foi a banda que viste na renovação)

    E já agora umas boas festas!

    Abraço

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