No último trimestre do ano passado, arranjei um segundo trabalho. Foram meses intensos, com noites e fins de semana preenchidos, como já não fazia há algum tempo. A compensação foi dupla: um projeto interessante, daqueles com desafios e oportunidades (e todas essas cenas corporate), e algum dinheiro extra. Como os pagamentos chegaram a 60 dias, só no início de 2025 recebi uma das fatias desse esforço.
Desde que comecei este trabalho extra, já tinha um prémio reservado para mim próprio: um par de colunas floorstanding para a sala, principalmente para ouvir discos. A minha coleção já está bastante composta (tema para outro post) e até tenho um móvel espetacular para a guardar (talvez mais um post no futuro).
Depois de alguma pesquisa, aterrei nas Wharfedale Diamond 12.3. Estas colunas venceram vários prémios no segmento budget, incluindo o de “Melhores Floorstanding” da What Hi-Fi durante quatro anos consecutivos. As reviews eram quase unânimes, tanto em sites especializados como em canais de YouTube.
Claro que comprar colunas sem as ouvir é sempre um risco. Por muito boas que sejam para os especialistas, há um fator subjetivo no som que pode fazer com que o “excelente” de uns seja apenas um “meh” para outros. E apesar de serem budget, estamos a falar de um par de 850 euros.
Como qualquer comprador paciente (e ligeiramente obcecado), adicionei as colunas aos favoritos no Kuanto Kusta para acompanhar as variações de preço. Estavam a 780€ quando as marquei, mas, num golpe de sorte, caíram para 701€ no espaço de cinco dias – exatamente quando o pagamento do projeto entrou. Encomenda feita na Mestres da Música, e pouco depois chegaram duas caixas de 21 kg cada uma.
Primeiras impressões
Para começar, são lindas. Escolhi o acabamento em nogueira, que infelizmente não combina com a madeira do meu subwoofer Monitor Audio nem com o armário dos discos. Mas não se pode ter tudo. Já a frente das colunas, em preto piano, liga bem com o móvel da TV (sim, há aqui uma miscelânea de materiais… mas funciona).
As Wharfedale Diamond 12.3 são colunas de três vias – ou, como a marca descreve, 2.5 vias. Contam com dois altifalantes “Klarity” de 130 mm para graves e médios e um tweeter de 25 mm. A saída de ar está na parte traseira, e há ligações duplas para bi-wiring ou bi-amping (ainda não testei, porque amplificador só tenho um).
E o som?
Ligadas ao Denon X2800H, em modo estéreo e sem processamento, duas características saltam à vista: clareza e soundstage. Não sou especialista, mas descrevo as coisas como as ouço.
Com “Hallelujah” de Jeff Buckley, a definição é incrível. Cada respiração, cada ruído das cordas da guitarra, todo o reverb da gravação… está tudo lá, com detalhe, mas sem se sobrepor à mistura.
Em “Unfinished Sympathy” dos Massive Attack, os graves são profundos sem serem excessivos, e a voz da Shara Nelson destaca-se no meio do arranjo denso.
Quando chega “The Holy Men” do World Saxophone Quartet, o soundstage brilha: os saxofones não parecem vir das colunas, mas sim espalhar-se pela sala, como se os músicos estivessem mesmo ali.
Já “The Greatest” da Billie Eilish começa íntima, com a voz dela ao pé de nós, para depois explodir numa experiência quase cósmica.
Isto tudo sem o subwoofer. Quando ligo o Monitor Audio ASW-100 (que era do meu pai), ele complementa as frequências abaixo dos 45 Hz das Diamond 12.3, tornando tudo ainda mais apetitoso.
Integração com o sistema de cinema em casa
A última peça do puzzle era integrar as Wharfedale no meu sistema Frankenstein de som: as 12.3 à frente, o subwoofer Monitor Audio, KEFs no centro e surrounds, e Monitor Audio no surround back. Corri o Audyssey, e o resultado foi um belo boost sonoro. Ainda não estou 100% satisfeito – talvez troque os MA pelos KEF, já que os primeiros são demasiado imponentes para surrounds – mas a melhoria foi notória.
A série Diamond também inclui colunas Atmos, que encaixam diretamente em cima das 12.3 e disparam para o teto. Infelizmente, custam 550€… para duas coluninhas inclinadas. Para já, fica para outra altura.
Veredicto final
Por agora, o plano é simples: pôr discos a tocar, sentar-me e apreciar a sorte que tenho. Recomendo sem hesitação – 10/10.
Que este blog já não é propriamente um poço de actividade, não é novidade para ninguém. Mas já que me recuso a desistir e até porque tenho uma leitora í espera deste post em particular, aqui fica a minha revista de 2023, em concertos.
Quando começo a olhar para trás e a listar as bandas que vi ao vivo, até me custa a crer que algumas já foram este ano, o que é um testamento da minha noção de tempo, mas também da quantidade de música que consumi.
Janeiro e Fevereiro foram parados, portanto a época arrancou a 8 de Março, com os Waterboys, no Coliseu. Foi um bom concerto, com muitos dos êxitos, mas deixou-me um sabor um pouco amargo na boca, quando tocaram a minha música preferida, uma música, aliás, que sinto que é, basicamente, a minha vida “This is the Sea”; optaram por uma versão que matou completamente a música, para mim.
Mas pronto, ainda foi um bom concerto, para iniciar as hostilidades musicais de 2023.
Depois do arranque, Março trouxe mais três-concertos-três, num total, portanto, de quatro. Matemática é o meu forte.
No dia 17, fui até ao Pavilhão Atlântico ver o Roger Waters mandar a sala abaixo, do alto dos seus 79 anos. O concerto foi enorme, com projecções provocadoras e música de todas as épocas dos Pink Floyd í carreira a solo do Waters, incluíndo o Sheep, do álbum “Animals”, que muita gente ignora.
Logo no dia a seguir, para não perder o ritmo (no pun intended), foi a vez do Devin Townsend, no estupendo Capitólio, no Parque Mayer. Na primeira parte tocaram os Klone e os Fixation, que não deixaram memória e depois o Devin partiu a loiça toda, com uma banda í altura.
Fechei Março, uma semana depois, no CCB, a ver pela terceira vez, o Senhor Steve Vai. Tocou todas, tocou bem, tocou no meio do público e tocou, já com menos show off, mas sempre com a mesma qualidade.
Abril passou-se sem acontecimentos e depois Maio trouxe-me a Ana Lua Caiano, uma jovem artista portuguesa que mistura música tradicional com electrónica num show solitário, de encher a sala. Recomendo vivamente que oiçam, pelo menos, uma música da Ana. O concerto foi na Zé dos Bois, onde aproveitei para ver a exposição, podre de bêbado, tendo-me apaixonado por uma pintura que me pareceu conter todo o sentido da vida.
Em Junho, dia 23, fui ver um dos meus guitarristas preferidos, com o seu trio, The Aristocrats. Estou a falar, claro, do inglês Guthrie Govan. O concerto foi no Lisboa ao Vivo, uma sala incontornável da capital e não desiludiu, com guitarra do Govan, baixo do Bryan Beller e bateria do Marco Minnemann, qual dos três mais virtuoso no seu respectivo instrumento.
Dia 20 de Julho, quase um mês mais tarde, fui até ao Cascais Jazz onde comecei por ver o guitarrista português Filho da Mãe, actual sozinho em palco, com uma guitarra acústica, com alguns riffs a fazer-me lembrar a abertura do Amarok, do Mike Oldfield, que deduzo seja uma associação que só eu faço.
Seguiu-se a atracção principal, os gigantescos Snarky Puppy, com o Larnell Lewis na bateria, para não ficar nada na retranca. Foi um concerto do caraças, com música óptima e execução nível 9000, super sayan, como não poderia deixar de ser.
Em Setembro, comecei a entrar na recta final, com já para lá de metade dos concertos do ano debaixo do braço, fui ver um espectacular tributo aos Dead Combo (onde o Tó Trips tocou apenas uma música, por trás do pano). Foi uma noite de excelente música por excelentes músicos, no São Luiz.
No dia 6 de Outubro, ainda inebriado das celebrações da República, regressei ao Capitólio. A noite abriu com o duo escocês Bratakus, mas quem rebentou com a sala foram os suecos The Hives. Mais uma vez, tocaram todas, deram espectáculo e foi um gozo vê-los tantos anos depois de ter ouvido o AKA Idiot pela primeira vez.
No mês seguinte, logo no dia 1, mais um salto ao CCB para ver o Tó Trips escangalhar-se todo com as suas guitarras em mais uma boa dose de música í lá Dead Combo sem, infelizmente pelas piores razões, ser Dead Combo.
Nessa mesma noite, subiram ao palco o Rodrigo e a sua filha Rosa Leão. Confesso que foi uma actuação que me deixou sem grande emoção. Achei as músicas todas pouco inspiradas, embora tenha sido um bom momento entre pai e filha, cada um no seu piano, mas houve qualquer coisa ali na composição, que não me agarrou. Também não ajudou muito haver muitos instrumentos pré-gravados, a serem disparados de um laptop, quando, por exemplo, o contrabaixista da gravação, estava nos bastidores, porque tinha acabado de tocar com o Tó Trips.
Mas adiante.
Dia 10 fui até ao RCA Club, uma sala não muito diferente do LAV, embora — creio — mais pequena. O palco ideal para metal e, desta feita, português. Começámos com os Murro, que me fizeram lembrar um pouco o registo de Mão Morta, que não é muito a minha cena. Depois, os Wells Valley, que, sinceramente, já não me lembro bem.
Sem desprimor para nenhuma das duas bandas iniciais, que eram impecáveis, apenas não me caíram no goto, até porque eu estava ali para ver a terceira banda, os reis da jarda, Process of Guilt. Apanhei-os a há uns anos, a fazer a primeira parte dos Baroness, no antigo LAV, voltei a vê-los, a solo, no fim do ano passado, no MusicBox e lá estive, a marcar presença mais uma vez, para algum do metal mais pesado das nossas Costas.
21 de Novembro viu o fechar das hostilidades, ao contrário do ano passado, em que ainda fui ver Indignu, no dia 30 de Dezembro. A menos, claro, que ainda apareça aí um concerto daqueles em que salto logo em cima dos bilhetes.
Dia 21 foi, então, uma apoteose electrónica e musical, pelas mãos do Nils Frahm. O músico alemão actuou sozinho em palco, entre uma harpa de vidro, um Rhodes, mini Moog e um Mellotron, entre muitos outros brinquedos sensacionais. A música foi toda tocada ao vivo e de forma absolutamente irrepreensível, tendo trazido momentos de verdadeira emoção í audiência, justificando, mais uma vez, para mim, que música é tudo.
Foram, portanto, 12 espectáculos de música ao vivo tal como no ano passadio, num total de 19 artistas/bandas… espantosamente, também o mesmo número que no ano passado. Veremos o que 2024 me reserva, mais 12 concertos e 19 bandas, já era bom. Até para o ano!
Ir a um concerto sempre foi um momento de inexistência, para mim. Remoção da vida real. Como se viajasse para uma espécie de buraco negro em que o tempo está suspenso e posso existir sem o resto de tudo, em cima de mim.
Se já era importante antes, tornou-se absolutamente crucial nos últimos dois — excruciantes — anos.
Por ter esta relação com a música ao vivo, não tolero a pepineira dos festivais e entristece-me não ver algumas das minhas bandas preferidas porque apenas actuam nesse circo de selfies e famílias a comer algodão doce, sem qualquer ligação í música em si. Sei que se calhar estou a começar a soar um bocadinho religioso, mas como ateu, um gajo encontra os seus ritos sagrados noutros lados.
Fica aqui o resumo de 2022, com a esperança que 2023 seja tão bom, ou melhor.
A temporada arrancou na Aula Magna a 9 de Fevereiro, com o José González. Concerto pequeno, apenas ele, de guitarra e loops, em palco.
José González
Seguiu-se um concerto para o qual tinha bilhetes, creio, desde 2019. Com a pandemia, como tantos outros, foi sendo adiado até finalmente, dia 19 de Março, poder ver os Skunk Anansie. Um concerto com som de estádio… no Coliseu.
Uma demonstração do que uma mulher de 54 anos pode ser e fazer. Tocaram todas e foi do caraças. A primeira parte foi feita pelos New Pagans, que não deixaram memória.
Skunk Anansie
Com o mês seguinte já quase a acabar, fui até ao (novo) Lisboa Ao Vivo, ver os Helms Alee abrir para os Russian Circles. Pouco mais a dizer senão “do caralho”.
Russian Circles
Mês de Maio foi dose dupla. A começar com a minha banda de metal portuguesa preferida, os Process of Guilt, a lançar o novo álbum “Slaves Beneath the Sun”, no MusicBox, dia 20.
No dia 31, salto até ao RCA Club para ver três bandas: Psychonaut, PG.Lost e The Ocean. Por esta altura já tinha uma nova t-shirt dos Russian Circles, Process of Guilt e The Ocean. A gaveta já transborda.
Process of GuiltThe Ocean
Julho foi para ver The Smile, dia 8, no Coliseu. Depois de um jantar muito bem regado a vinho, deu para dançar como se não tivesse quase 50 anos.
The Smile
O resto do verão passou-se í espera dos últimos meses do ano para uma investida final que começou dia 29 de Setembro, com os Sigur Rós, no Campo Pequeno. O meu álbum preferido, que já toquei tantas vezes que o stream está riscado, é o “( )”. Que foi tocado quase na íntegra. Fenomenal.
Sigur Rós
Dia 7 de Outubro, foi novamente noite de metal, com não uma, nem duas… mas quatro bandas, no Coliseu: Unto Others, Carcass, Behemoth e os headliners Arch Enemy. Foi um concerto de portentosa agitação psicomotora que deu direito a post. Diria que foi inesquecível, mas já não tenho idade para isso… tudo se esquece.
Arch Enemy
E depois deu-se o last minute panic. Sem concertos em Novembro e com o ano a acabar, pelo sim, pelo não, fui a quatro. Teria ido apenas a três, mas o meu amigo Ed ofereceu-me um bilhete para mais um. Então vejamos:
Dia 6 estive no CCB para ver o Tigran Hamasyan tocar o jazz mais metal do mundo.
Tigran Hamasyan
Dia 13, no Coliseu, estive a dois metros das costas do Jason Swinscoe e da Cinematic Orchestra.
The Cinematic Orchestra
Dia 15, Ólafur Arnalds no CCB, por convite (e sem conhecer muito, confesso, mas foi óptimo).
Ólafur Arnalds
Finalmente, mesmo em cima do fim do ano, apanhei os Indignu no MusicBox, dia 30. Mal os conhecia, mas tinham-me sido recomendados pelo Nuno, no Twitter e fiquei fã. De todos os concertos do ano, poderá mesmo ter sido o mais memorável já que, a dada altura, o guitarrista Afonso Dorido me passou a guitarra para as mãos e me deixou “tocar” um bocado, numa secção de noise e confusão. Infelizmente, estava sozinho, portanto, não há registos.
Foi a melhor maneira de fechar um ano de música ao vivo.
Indignu
Em 2023 haverá mais. Aliás, já tenho bilhetes para o Roger Waters e para o Devin Townsend. Venham eles.
Este é um post sobre como eu faço pão em casa, com fermento natural, também chamado “massa mãe”. O estilo de pão que produzo tem um sabor semelhante ao pão alentejano e também pode ser classificado como ‘sourdough’. Para mim, é mais ou menos a mesma coisa e o pão sabe-me ao que a minha memória tem classificado como pão: ligeiramente ácido e com uma dose razoável de sal.
Estou longe de ser especialista e já fiz umas pelas porcarias de pães, mas, no geral, saem-me bem, com bom aspecto e sabor, usando esta receita — na verdade, este método, porque o mais importante aqui é a técnica. Portanto, aqui vai uma coisa que já não se encontra na web: um post sobre fazer pão que explica como eu faço pão, rapidamente, sem anúncios e sem contar a História do pão, desde os fenícios até aos dias de hoje. Bora lá.
Um pão que eu fiz
Ingredientes
Para fazer pão em casa é preciso, acima de tudo, tempo e paciência. Não é uma coisa rápida de se fazer, nem por sombras. Depois, comprar já isto:
Farinha de trigo tipo 65 ou 55 (sacos de 5 kg são práticos)
Farinha integral de centeio (pacotes de 1kg bastam)
O cesto pode ser substituído por uma taça com um pano. A panela poderá ser uma que tenham, mas disclaimer: nunca usei senão a minha panela de ferro esmaltado.
Massa mãe
Há uma maneira muito rápida de fazer pão com farinha, água, sal e fermento químico ou fermento fresco, dito “de padeiro”, que se vendem nos supermercados. Não é este pão. Este pão é feito fermentando farinhas ao longo de vários dias, para que desenvolvam culturas de bactérias que vão por sua vez fermentar a massa, dando-lhe volume e, mais importante: sabor. Em suma: com fermento do supermercado, pão; com fermento natural: pão muita bom.
Para fazer massa mãe é preciso:
Farinha de trigo
Farinha integral de centeio
Água (preferencialmente filtrada ou mineral)
Um frasco
Demora cerca de uma semana a ter massa mãe madura, capaz de levedar um pão, portanto, todos os dias, repete-se este procedimento:
Colocar no frasco 20g de cada farinha
Juntar 40g de água
Misturar
Tapar levemente (nada de tampas de rosca, que o frasco pode explodir)
No dia seguinte, 24h depois, deita-se tudo fora, menos 10g e repete-se. Ou seja:
Manter no frasco 10g da massa do dia anterior
Juntar 20g de cada farinha
Juntar 40g de água
Misturar
Tapar levemente
Todos os dias, vai-se observando a massa, até se perceber que ela sobe pelo frasco, criando montes de bolhas de ar (depois de usar a massa mãe para fazer um pão convém… mantê-la viva). Quando estiver assim, estará pronta a usar. Eis um exemplo:
Massa mãe bem activa
Pão
Para fazer pão, são precisos DOIS DIAS. Um dia é inteiramente dedicado a fazer a massa e o segundo dia é para cozer o pão. Para fazer a massa, é preciso começar de manhã cedo (cedo é 8 da manhã, não é 10). Alternativamente, podem preparar a levedura de noite e usar na manhã seguinte.
Vou colocar aqui a receita de pão mais simples que faço e que serve para fazer um pão normal OU com chouriço. Para quem quer fazer pão com chouriço, acrescentarei esse passo, já que não é um desvio muito grande. Para fazer um pão é preciso dois componentes que se misturam em fases diferentes e depois, sal. Assim:
Levedura
20g de massa mãe
20g de farinha de trigo
20g de farinha integral de centeio
40g de água
Massa
450g de farinha de trigo (tipo 65 ou 55)
50g de farinha integral de centeio
350g de água a 30ºC
Sal
11g de sal fino sem aditivos
Passo 1 — 8/9 da manhã
Num frasco, misturar os ingredientes para a levedura, mexer bem e deixar repousar 5 horas. Como disse acima, se não começarem cedinho, esqueçam. São muitas horas. A opção de preparar a levedura da noite para a manhã seguinte também é válida, façam como entenderem.
Passo 2 — 1/2 da tarde
Numa taça grande, misturar os ingredientes listados acima, para “massa”. Misturar bem com uma colher rija. Quando estiver razoavelmente bem misturado, humedecer bem uma mão e dar uns apertões na massa, para certificar que está toda bem hidratada. Não é preciso amassar, não estamos nessa fase.
Deixar repousar uma hora, para a farinha humedecer.
Passo 3 — 1 hora depois
Deitar a levedura por cima da massa e, novamente com a mão bem molhada, misturar bem as duas. Sim, é um bocado pastoso, mas não faz mal. A técnica é ir espetando os dedos na massa, para a levedura entrar, depois dobrar a massa, dar-lhe a volta e repetir. Mas usem a técnica que mais vos aprouver, é preciso é misturar bem as duas substâncias.
Depois de tudo bem misturado: espalhar o sal na superfície da massa e esperar 20 minutos.
Passo 4 — 20 minutos depois
Novamente com a mão molhada, dar apertões na massa, dobrá-la e virá-la, para incorporar o sal. Continuem a misturar até deixarem de sentir a textura de sal.
Passo 5 — logo a seguir
Esticar e dobrar.
Este é o passo que substitui amassar. É muito menos cansativo e funciona bem. Se quiserem procurar na net, tipicamente chama-se “stretch and fold” e há vídeos a pontapé de malta a mostrar como se faz.
Sempre com a mão húmida, esticar uma ponta da massa até sentir resistência, mas sempre sem rasgar a massa. Deitar essa parte da massa por cima do centro. Repetir a toda a volta da massa, umas 5 ou 6 vezes
Tapar e esperar meia hora
Repetir o processo, a cada meia hora, 3 vezes
Depois da última vez, esperar 2 horas
Passo 6 — 3,5 horas depois
Enfarinhar uma superfície de trabalho, preferencialmente, um balcão de pedra
Usar uma espátula de plástico para tirar a massa da taça para a bancada
Com as mãos bem enfarinhadas, esticar a massa num rectângulo, sem rasgar
A porra da massa vai querer agarrar a tudo, é horrível
Usar a espátula de metal e farinha (o mínimo possível), costuma ajudar a descolar a massa da bancada e ir esticando
Depois da massa esticada, dobrar a parte mais próxima até meio, depois a parte mais longe até meio, por cima dessa e depois cada um dos lados até meio, por cima um do outro
Usar a espátula de metal para virar a massa ao contrário: a parte que acabaram de dobrar deve ficar para baixo
Com uma mão de um lado da massa e a espátula do outro, apertar e rodar a massa, para ir formando uma bola
Insistam um bocado nesta parte, a massa deve ficar tensa
Deixar repousar, debaixo de uma tolha de cozinha húmida, durante 15 minutos
Passo 7 — 15 minutos depois
Mais uma vez, virar a massa ao contrário: a parte de estava para cima, fica para baixo
Voltar a esticar num rectângulo, como da primeira vez
Se quiserem por chouriço, é agora: distribuir rodelas de meio chouriço por cima do rectangulo de massa; não sejam galifões, meio chouriço é óptimo, mais… é demais
Voltar a fazer as dobras descritas anteriormente
Voltar a formar a bola
Cobrir o tecido do cesto ou o pano com bastante farinha, para que a massa não agarre e transferir a massa para o cesto/taça com pano, com a parte de cima virada para baixo — a “costura” fica para cima
Colocar no frigorífico, tapado, 12-18 ou até 48 horas
A massa esticada, antes de se dobrar sobre si própria. Nesta, aproveitei para pôr chouriço, mas recomendo que aprendam pão básico primeiro, que fazer a bola, com chouriço dentro da massa, é mais difícil.
Passo 8 — cozer, no dia seguinte
Colocar a panela, tapada, no forno a 250/260 graus centígrados, ou no máximo que der, durante, pelo menos, 45 minutos
Retirar a massa do frigorífico, apenas depois da panela bem quente
Espalhar um pouco de farinha na massa e deitá-la, invertendo, num prato
Fazer um corte na superfície da massa, para que tenha por onde expandir: eu uso uma simples lâmina de barba e faço um xis, mas uma faca bem afiada ou até uma tesoura podem servir
Rapidamente: retirar a tampa da panela e colocar CUIDADOSAMENTE a massa lá dentro, colocar imediatamente a tampa e voltar a meter no forno
Esperar 30 minutos
Tirar a tampa da panela e reduzir o forno para 150ºC
Esperar 5-10 minutos ou até o pão estar com a cor que preferirem
Retirar
Aqui vê-se bem para que serve o corte: o gás da levedura expande com o calor e abre o pão. Pode fazer-se sem corte, mas corre-se o risco da côdea endurecer demasiado depressa e impedir o pão de expandir tanto como poderia
Passo 9 — Esperar!
Eu disse que era preciso paciência. Se cortarem o pão ainda quente, vão perder o vapor interno todo e dar cabo do pão. Esperem que arrefeça, senão dão cabo de dias e dias de trabalho, para nada.
Dicas adicionais
Colocar a massa na panela pode ser frustrante, se não estiver “forte” o suficiente: coloquem o prato com a massa o mais próximo da panela e façam um movimento rápido, mas com muito cuidado para não tocarem na panela que vai estar a mais de 200 graus
A côdea pode ficar mais bonita e estaladiça se borrifarem a massa com água mesmo antes de colocar a tampa. Este vapor adicional também ajuda a massa a crescer no forno. As lojas chinesas vendem borrifadores de água.
Ter uma massa mãe que cresce para o dobro ou mais é essencial; já me precipitei a fazer pães que depois ficam chapatas densas e quase incomestíveis.
Formar a bola é igualmente importante: esticar bem a massa e dobrá-la sobre si própria e depois passar uns minutos a transformá-la numa bola tensa vai ajudar a que o gás criado pela levedura force o pão a crescer, quando aquece no forno. Se a massa não estiver bem formada, fica mais tipo pasta e não vai crescer no forno.
Se não tiverem prazer a fazer o pão… não vale a pena. A Gleba vende bom pão e não se chateiam. Eu faço porque me dá imenso prazer, ainda mais quando sai bem e ainda mais quando é partilhado e apreciado por outras pessoas.
Dia do oitavo concerto do ano e desta vez foi uma experiência daquelas que se tem em jovem, mas que eu nunca tinha tido assim: mosh í bruta. Embora tenha estado nalguns concertos em que houve alguns empurrões, numa altura em que eu ficava muito ofendido com isso, nunca tinha passado por esta brutalidade avassaladora durante horas a fio. Cheguei cedo í plateia do Coliseu e coloquei-me ao centro e í frente, com pouco mais de 2 ou 3 pessoas entre mim e a grade. Tinha a intenção de ver as bandas como eu gosto: de perto. As hostilidades abriram com uma banda de goth metal, Unto Others, que pouco aqueceu a multidão, embora não fossem maus de todo.
Unto Others
A música começou por volta das 7 da tarde, já que iam actuar quatro bandas, num crescendo de popularidade, até ao culmino dos Arch Enemy. Até aqui, tudo bem, embora tenha entrado no Coliseu já ciente de que não levara os tampões para os ouvidos, apesar de ter estado com eles na mão antes de sair. Bom… foi uma questão de aceitar. Depois de um intervalo de uns 20 minutos, os ventos metálicos mudaram radicalmente, com a subida ao palco dos britânicos Carcass. Antevia-se uma frente de agressividade, com laivos de mixórdia de carnificina, levando a aguaceiros de metaleiro, mas o que realmente recebemos foi um furacão de machos de tronco nu e cabeleira desenvolta, com constantes arremessos humanos por sobre a multidão. Crowd surfers constantes, muitos com bons 80/90 kg, a voar por cima das nossas cabeças, enquanto tentávamos não levar um biqueiro nos cornos.
Carcass
À minha frente estava uma família de pai, mãe e filha de 15 anos, bem como um tipo de 40 e picos e respectivo pai de 70 anos com um pé magoado. Malta mesmo bem posicionada para levar com a investida imparável de dezenas de jovem hirsutos, desejosos de soltar a sua fera anti-sistema. Fiz o que pude para me manter vertical, evitar os ditos biqueiros e — dentro do possível — ajudar a escudar as filas da frente. A dada altura, os seguranças convenceram a criança a sair dali e terminar de assistir ao espectáculo num lugar menos… metal. No intervalo seguinte, havia algum consenso entre a malta mais próxima da minha faixa etária que as duas bandas cabeça de cartaz — Behemoth e Arch Enemy — trariam outro tipo de assentimento craniano, ao ritmo da música e menos voos acrobáticos, qual Cirque du Soleil satânico. Errado, claro.
Behemoth
Os Behemoth, polacos do death metal, avançaram com uma entrada pausada e teatral, mas assim que arrancou o “Ora Pro Nobis Lucifer” foi a loucura total. Já se percebeu que levei porrada, muita porrada. Mas mais uma vez se percebeu, também, que esta malta do metal é uma irmandade curiosa: sedentos de sangue metafórico, mas umas jóias de moços (e algumas moças). A única vez que acabei por cair nos vai-vem de empurrões multitudinais, dei por mim levantado, quase de imediato, por uns quatro pares de braços. In nomine metallum! Na última música, Nergal e seus co-conspiradores assomaram-se da boca de cena e cuspiram sangue sobre a multidão. Estava fechada a terceira actuação e, mais uma vez, a malta convenceu-se que a natureza mais melódica da última banda levaria í acalmia das hostes e algum descanso para a frente de combate. A minha t-shirt estava absolutamente ensopada em suor e a cara e as mãos devidamente marcadas pelo sangue ante-mencionado.
Behemoth
A cortina entre bandas anunciava “pure fucking metal” e, confesso, as minhas costas já ardiam mais do que depois de uma sessão de treino com o Dorian Yates, mas tinha ido para ver Arch Enemy e não ia deixar acabar a noite sem ver a Alyssa White Gluz de perto. Dito e feito.
Arch Enemy
Já sem surpresa, aguentei as primeiras 3 ou 4 músicas dos Arch Enemy, sob um mar de encontrões e navegadores de multidão até, finalmente ceder. Lamentavelmente, a banda não tocou nenhuma das minhas três músicas preferidas, todas do álbum “Anthems of Rebellion”, a saber: “We Will Rise”, “Dead Eyes See No Future” e “Marching On a Dead End Road”. Uma pena, mas não se podia pedir tanto, suponho, são músicas com quase 20 anos.No final, trouxe a t-shirt da praxe e encontrei dois amigos, com quem acabei por estar na conversa até í uma e tal, já na rua.
E assim sendo, este ano já vi José González, Skunk Anansie, New Pagans, Russian Circles, Helms Alee, Process of Guilt, The Ocean, Psychonaut, PG.Lost, The Smile, Sigur Rós, Unto Others, Carcass, Behemoth e Arch Enemy. O que se segue?
As Wharfedale Diamond 12.3 são das melhores colunas floorstanding no segmento budget, oferecendo clareza, soundstage envolvente e um som equilibrado. Testei-as com diferentes estilos musicais e a experiência foi incrível. Vale a pena? Descobre a minha review completa!
Que este blog já não é propriamente um poço de actividade, não é novidade para ninguém. Mas já que me recuso a desistir e até porque tenho uma leitora í espera deste post em particular, aqui fica a minha revista de 2023, em concertos. Quando começo a olhar para trás e a listar as bandas […]
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Um post exaustivo sobre como eu faço pão em casa (há vários anos). Nada como aprender com as falhas dos outros: esta é a receita que uso com maior taxa de sucesso e que fez com que nunca mais tivesse que comprar pão.
Dia do oitavo concerto do ano e desta vez foi uma experiência daquelas que se tem em jovem, mas que eu nunca tinha tido assim: mosh í bruta. Embora tenha estado nalguns concertos em que houve alguns empurrões, numa altura em que eu ficava muito ofendido com isso, nunca tinha passado por esta brutalidade avassaladora […]