Tiálogos XV. Dezasseis meses.

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Passaram-se dez meses desde que escrevi um Tiálogo, o que é perfeitamente inaceitável tendo em conta a quantidade quase infinita de informação que o desenvolvimento de uma criança implica nesta idade.

Estás com dezasseis meses, que é uma coisa que já começa a aborrecer algumas pessoas, particularmente quem não tem filhos. Não a tua idade, mas o facto de a continuarmos a medir em meses.

A questão é que as diferenças de mês para mês e mesmo, às vezes, de semana para semana, são tão marcantes que dizer que tens um ano é pouco descritivo.

Aos 16 meses já andas muito bem, aliás, já corres e tens uma predilecção por degraus: onde há degraus, estás tu a subir e descer.

Que mais?

Lavas os dentes sozinho, comes tudo com colher ou garfo (conforme a consistência da comida), entornando muito pouco. Percebes praticamente tudo o que te dizemos e conheces várias palavras que, no entanto, continuas a preferir não usar. Sai-te um ocasinal “bóu”, para “bola” e o “dá”, é prevalente, mas tirando isso, és um homem de poucas palavras.

O teu vício mais recente é o Pocoyo, um desenho animado co-produzido por Espanhóis e Ingleses e que és capaz de ver, repetidamente, sem parar. Até podes nem estar a olhar para a televisão, mas ela tem que estar ligada.

É claro que os teus pais estão a tentar introduzir alguma espécie de regulamentação e tu, como é óbvio, não estás a gostar. Normalmente chegas à sala e carregas em todos os botões da aparelhagem; desligas e desconfiguras os aparelhos todos, resultando precisamente no contrário do que tu queres.

A melhor maneira de obteres o resultado desejado é sentares-te no sofá e apontares para a TV dizendo “dá”. Tudo o resto, falha. Mas não duvido que em breve estejas a reconfigurar o comando universal e a fazer sugestões de reorientação do 5.1.

Continuas a gostar de música e de dançar. Já sabes ir ligar o piano eléctrico para tocar e também vais dedilhar o baixo, as guitarras e dar uns toques na bateria de vez em quando. Os tambores já estão dominados.

Entretanto ontem tentei ensinar-te a dizer sixaxis. Não correu bem, mas não é de espantar, tendo em conta que praticamente ninguém no mundo consegue dizer sixaxis como deve ser. Mas não faz mal, não precisas de dizer nada, desde que aprendas a usar um.

O teu paizinho continua à espera.

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