De que serve sermos pais, se não somos super-heróis?

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Esta noite, voltou a acontecer: depois de uma refeição razoavelmente bem comida e ainda antes da fruta, o Tiago engasgou-se, ficou completamente à rasca e acabou por vomitar a sopa e o perú todos.

E os pais… uns tontos, de volta dele. Tentando colocá-lo na posição mais favorável para que se desengasgasse e depois impedindo-o de vomitar sobre si mesmo. Limpando-o, mudando-lhe a roupa, tentando acalmá-lo; explicar que é assim mesmo, que acontece, que não faz mal.

Balelas, o que nós queríamos era estar no lugar dele. Dizer: não, espera aí que vomito eu. De vomitar, eu percebo, aprendi à custa de ter vómito a jorrar das narinas: assume-se a posição e relaxa-se, deixa-se o estômago e o esófago fazer o trabalho deles. Não é agradável, mas já corre muito melhor.

Quero fazer tudo pelo meu filho e absorver-lhe os impactos, estar no lugar dele, para que não sofra. Mas não dá. Não só porque é fisicamente impossível, mas também porque tudo isto faz parte da vida dele e ele também tem o direito de aprender a vomitar, com a prática.

O Tiago está a crescer e a tornar-se um espertalhão. É uma criança inocente, mas há uns meses era-o a 100%, agora já perdeu 3 ou 4% dessa inocência e já faz joguinhos connosco. Já nos desafia, já nos testa.

Mas quando um episódio como o de hoje acontece, apercebo-me de como ele depende de nós, de como ainda é pequeno, muito mais pequeno do que às vezes parece. E no fundo, essa é a luta mais lixada: o equilíbrio entre dar e tirar, ensinar e aprender, disciplinar ou entrar na farra.

Queremos que seja tudo perfeito e suponho que seja enquanto nos preocupamos com essa perfeição que vamos, calmamente, cometendo os nossos maiores erros.

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