Festas felizes

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Parece que tenho queda para cair doente durante os festejos de Natal e ano novo.

Em 2008, por exemplo, passei o Natal de cama, sozinho em casa, escondido debaixo das cobertas, incapaz de comer, suportar luz ou levantar-me que não fosse para ir à casa de banho, como, aliás, está registado.

Lembrou-me, recentemente, o meu pai, que com uns 18/19 anos, por alturas do ano novo fui fazer xixi e pimba: sangue; meia hora depois tinha 40 de febre. Prostatite. Seguiram-se alguns exames bastante desagradáveis.

A minha última semana de trabalho antes do Natal, este ano, foi complicada. Estava com uma sinusite tramada, a cuspir pequenos pedaços de pudim flan matutinamente, de forma diária. A minha garganta estava feita numa curva de möbius e nos dias finais da semana, começou a falhar-me completamente a voz.

O último dia que fui trabalhar, tive que fechar uma série de coisa e falar com uma série de pessoas, quase sem conseguir emitir um som. Passou-se o Natal, com a Joana com episódios de febre diários, acompanhada de uma diarreia pouco expressiva, tendo ambos passado para mim na minha semana de férias.

Num dia em que fiz um esforço para ir passear com o Tiago que já trepava às paredes, dei uma grande volta com ele na Mata dos Medos, ali na Fonte da Telha e quando voltei estava num estado tal que amochei na cama e dormi cinco horas sem dar por nada. Acordei à meia-noite com 38.5 de febre. A Joana, também.

Estivemos os dois na cozinha a comer e depois vimos desenhos animados até às duas da manhã, antes de irmos novamente dormir para a curar.

E até curámos, pouco antes do ano novo. Mas a parte melhor estava para vir.

Dia 1 de Janeiro, bem vindo a 2012 e toma lá uma cefaleia absolutamente indescritível. Mas eu vou tentar descrever na mesma: era como se tivesse a Krupp Bagger 288 em plena operação dentro do meu crânio. Não uma miniatura, mas a máquina inteira em todo o seu esplendor.

Mas não só. Durante a operação da gigantesca escavadora no meu encéfalo, subitamente: blitzkrieg. Um esquadrão de 50 Junkers Ju87 Sturzkampfflugzeug rasgam o espaço-tempo, com tudo o que de apocalíptico isso acarreta e começam a bombardear a máquina… com bombas atómicas!

Acordei aos gritos, agarrado à cabeça. Depois consegui calar-me e tentar convencer-me que já passava. Não passou. Qualquer luz que entrasse no quarto era como um lightsaber enfiado no meio da testa e mover os globos oculares era o equivalente a mover os globos oculares… só que com picadores de gelo espetados nos olhos.

Para minha surpresa – porque eu não estava ainda suficientemente surpreendido – tive alguma dificuldade em articular frases inteligíveis mas consegui pedir à minha mulher que avisasse os meus pais. Ela avisou, eles vieram.

Enquanto eles não chegavam, vimos que tinha febre, tomei dois Zaldiares e um Brufen. E tive uma crise vagal, encharcado em suor, na casa de banho, com vómitos secos. Enfim, o normal.

A observação reduziu um pouco o nível de pânico em relação às coisas piorzinhas que podiam estar a passar-se na minha moleirinha, mas a dor não queria saber disso para nada e continuava em busca de diferentes hipérboles através das quais se exprimir.

Ao fim do dia, quase sem melhorar e após nova crise vagal, em segunda visita de médicos-mesmo-de-família, os meus pais administraram-me uma injecção de Relmus e Olfen, tomei mais dois Zaldiares e um Alprazolam para me acalmar. Em meia-hora estava a adormecer e quando acordei já sentia algum alívio.

No dia seguinte, a dor persistia, mas já não com a mesma violência; voltei a ter febre. Havia a possibilidade de estar com uma meningite viral, mas confirmar uma coisa dessas dá direito a punção lombar e estando eu a dar sinais de melhorar, não valia a pena estar a submeter-me a tal coisa. Andei três dias enjoado.

Ao terceiro dia estava francamente melhor, mas perante uma tentativa de fazer de conta que já estava tudo bem, fui brindado com novas dores nos olhos e na cabeça, só assim em jeito de sinal de aviso. Passei a portar-me melhor e tenho estado em casa, de baixa – coisa inédita em oito anos de trabalho no SAPO.

Entretanto, a minha garganta explodiu. Bom, não literalmente, claro. Poderiam ser fungos, poderia ser uma sequela do vírus que atacou a mona, ou até mesmo uma amálgama de ambos, a verdade é que tenho a garganta toda inflamada e cheia de pequenas úlceras/aftas/fungos/whatever. Dói, pronto. Custa-me comer, ou mesmo engolir em seco. Estou cansado, estou moído, estou farto disto.

Fiz análises e ao que parece, o tal vírus ainda aproveitou para me dar um pequeno pontapé no fígado, como o indica o valor de qualquer coisa de cujo nome não me recordo. Vá lá que não tive sintomas disso, a menos, claro, que tenham sido os três dias enjoado – não conseguia sequer pensar em comida e alimentei-me apenas de três ou quatro bolachas torradas por dia e alguma água.

Mas estou a melhorar, tenho tentado descansar – embora me seja sempre difícil: tenho pelo menos visto o meu mail, o que tendo em conta que vou levar um corte de cerca de 20% no meu salário de Janeiro à conta desta brincadeira, é mais do que a minha obrigação.

E vocês, tiveram umas festas felizes?

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6 comentários a “Festas felizes”

  1. asturmas says:

    Antes de mais as melhoras… Depois.. tens de ir no minimo a bruxa pois pelo menos este ano ferias para ti tem sido de problemas ou doença…

    Boa sorte :)

  2. Meu caro, antes de mais as melhoras… E depois, Yuupi. Não sou o unico adulto a sofrer de… Bem, chamemos-lhe “cenasparvasquenosaparecemnasalturasmaisdescabidas”.

    O meu Ano Novo também foi de molho passada que foi a semana entre ataques de tosse constantes e a respectiva especturação… Já me doia o corpo todo de tanto esforço. Com o Domingo finalmente no sofá todo o santo dia, entre cobertores (atente-se ao plural), a coisa pareceu ir ao lugar e eis que na segunda lá vou eu para o trabalho todo pimpão.

    Mal sai do prédio, ao primeiro sopro do vento frio senti que me ia arrepender… Tal foi o arrependimento que na quarta tive que ficar de molho outra vez. Hoje, quinta, tal campeão, lá vou eu novamente para o banco e, surpresa, entre o frio da rua e o ar condicionado lá do sitio, acabo a passar o dia a ir tossir às escondidas para a sala de reuniões. Fui ameaçado por uma colega que me garantiu pegar em mim e levar-me ao medico do banco se me ouvisse a tossir mais uma vez…

    E nunca mais é fim-de-semana.

    Ainda assim, se eu pensava que estava mal, Deusas, és um mártir…

  3. faa says:

    As melhoras ! E bom ano.

  4. Em primeiro lugar as melhoras. Isso é que é um karma complexo… espero que recuperes rapidamente e que esta tenha sido o último exemplo de umas Festas Infelizes.

    Abraço

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