Comer, correr e ser feliz

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Terminei metade do programa Rushfit. Fiz a semana um e dois, depois comecei a três, que interrompi para ir passar o fim de semana fora. Depois recomecei a três do princípio e fiz a quatro.

A partir da semana cinco, o cardio passa de 30 para 40 minutos. No meu caso, faço corrida e correr mais 10 minutos apenas é um esforço bem maior do que eu esperava. Mas faz-se.

Aparece também um novo vídeo, o Explosive Training Workout, que ainda não entrou no meu calendário, mas há-de entrar… pelo nome, mete medo.

Ao fim de quatro semanas de treino neste programa, estou rendido à sua simplicidade e eficácia. Já tendo feito três meses de P90X, prefiro, de longe, o programa do Georges St. Pierre.

Os resultados são bastante evidentes a vários níveis. Não só, tal como no P90X, os treinos se tornam cada vez mais fáceis e a minha eficiência nos mesmos aumenta (sem nunca deixarem de ser muito puxados), como o meu corpo mudou significativamente.

Mas para este último factor contribui, sem qualquer espécie de dúvida, a minha nova dieta.

Uso dieta aqui como “forma de comer” e não como “regime alimentar temporário”.

Durante o P90X, borrifei completamente na parte da alimentação e embora tenha notado algumas mudanças no meu corpo, os resultados não se comparam com o Rushfit, acompanhado de uma alimentação mais cuidada.

Não posso senão concordar com a maioria dos artigos e livros de fitness que já li: nutrição é 80% da equação. Eu mudei a minha alimentação depois de ter feito o teste A200, que indicou que sou intolerante a uma série de alimentos que pululam no nosso quotidiano, nomeadamente lacticínios de vaca, ovos e trigo (além de muitas outras coisas), o que me levou a eliminar da alimentação a maioria das comidas processadas que ingeria com frequência, bem como a maioria dos alimentos hiper-calóricos comuns, como bolos e sobremesas.

Como praticamente tudo o que é pastelaria, doçaria e padaria leva leite, manteiga, ovos, queijo e farinha de trigo, cortei, de uma só penada, a esmagadora maioria dos alimentos que geralmente são ricos em calorias de rápida absorção (hidratos de carbono de absorção rápida, como açúcares) e gorduras.

Quase que “por acidente”, a minha dieta transformou-se em algo muito similar àquilo que muitos atletas de fitness, body building e etc fazem: mais proteína, menos gordura saturada, mais gordura monoinsaturada (azeite, nozes diversas), menos açúcares e mais hidratos de carbono de absorção lenta, como arroz integral, vegetais diversos e algumas frutas.

Quando comecei com isto também fui muito confrontado com as dietas ditas primitivas, ou paleolíticas, com várias pessoas que as seguem a aconselharem-me a experimentar. A verdade é que quando fui, recentemente, ler um pouco sobre o assunto, descobri que as ditas se assemelham bastante ao que eu já faço com algumas diferenças pequenas (eu considero-as pequenas, algumas pessoas poderão considerar enormes, mas eu também já vi uma dieta paleo que dizia: “consumir ovos, de preferência enriquecidos com omega 3”, porque, como se sabe, no paleolítico era comum enriquecer-se os ovos dos animais com óleos polinsaturados…).

Um dia, para mim, assemelha-se a algo como isto:

Pequeno almoço: fatia de pão integral de centeio com compota de maçã, iogurte de soja e café

Meio da manhã: maçã ou banana, sumo de laranja; se estiver com mais fome, ultimamente, como um wrap de frango na Companhia das Sandes (frango desfiado e não aquela pasta nojenta), sem manteiga nem mayonnaise – apesar da tortilha ser feita com farinha de trigo, é uma quantidade mínima.

Almoço: prato de carne com arroz e vegetais, como por exemplo: um bife grelhado com arroz e bróculos, ou bifinhos de frango com arroz, feijão e legumes cozidos ou um hamburger h3 grelhado com arroz e espinafres salteados ou salada de tomate.

Muitas vezes não lancho, mais por falta de disponibilidade e paciência do que por não ter fome, porque até tenho. Às vezes, e a fome for suficiente, como um H3 grelhado com espinafres (sem arroz), por exemplo.

Ao jantar, geralmente opto por frango ou peru grelhado com espinafres ou pimentos e uma bolinha pequena de mozzarella de búfala derretido com os vegetais.

Ultimamente, re-introduzi os ovos, depois de quase dois meses sem comer e, não tendo sentido quaisquer diferenças, recuperei este alimento que é, aliás, um dos meus preferidos. Se tiver mais apetite à noite e for treinar, acrescento ovos à carne.

Também como bacon e paio do lombo, como pequenos acompanhamentos para ter sabor extra sem grandes abusos.

Como snack como bolachas de milho (“Nackis” da Bicentruy) e cajus crus sem sal, por exemplo.

Geralmente, à noite, treino – uns dias faço um vídeo do Rushfit, outros dias, vou correr 5 ou 6 km por Almada. No final do treino, o mais rapidamente possível, bebo um batido com 300 ml de leite de soja, 30 g de proteína em pó (de soja, também) e creatina (17 g durante uma semana, 5 g daí para a frente). Por vezes, ainda como um iogurte de soja.

Acima de tudo, nada disto é uma tortura, nada disto é um castigo, nada disto é um martírio. Custou-me um bocadinho a habituar à mudança, porque a mudança custa sempre, mas agora, estou perfeitamente à vontade.

Depois dos resultados do A200, decidi experimentar cortar os alimentos desaconselhados durante um mês. A verdade é que não notei nada de significativo no meu dia a dia, mas desabituei-me dos ditos alimentos. Perdi o interesse. Entro num café e os bolos já não falam comigo, não sinto aquela atracção fatal pela torrada gigante afogada em manteiga e não choro por um molho de natas, uma pratada de massa ou um gigantesco pudim.

Mas se me apetecer, como pizza, se me apetecer, como um Whopper, se me apetecer, bebo uma cerveja. Eu é que decido e eu já percebi que esta alimentação, aliada ao exercício que faço deu-me energia, bem estar, uma sensação de que a comida serve para algo mais do que suprir a gula e provavelmente, o melhor corpo que já tive desde sempre, aos 38 anos.

Estou mais enérgico, mais resistente, capaz de correr, sem pausas, durante 40 minutos (±6 km) e ainda não tenho o six-pack completo, mas já não falta muito.

Peso 64 kg, para 1,76 m e tenho à volta de 9% de gordura corporal.

A Kate Moss disse: “nothing tastes as good as skinny feels”; eu não quero ser “skinny” (aliás, quero aumentar de peso, ganhando massa magra), mas nada é mais saboroso do que gostar de ver o meu corpo ao espelho e sentir-me bem, mesmo quando estou cansado.

Faltam-me mais quatro semanas de Rushfit após o que pretendo descansar algumas semanas e depois, gostaria de voltar ao ginásio (agora tenho o Ginásio Clube do Sul, onde fiz musculação pela primeira vez há já 19 anos, quase à porta) e estou muito impressionado com a qualidade do “12 Week Lean Body Trainer“, feito pelo Lee Labrada no bodybuilding.com, completamente grátis e composto de um vídeo por dia, todos os dias, durante 3 meses, com programa completo de treino com pesos, cardio, nutrição e suplementação, com exercícios, dicas e mesmo receitas.

Vou usar o defeso pós-Rushfit para pensar como poderia integrar um plano deste género no meu quotidiano para tentar atingir os 70 kg com 7/8% de gordura, mas até lá ficam algumas das coisas que tenho aprendido:

  • Exercício físico que não seja intenso não serve para nada
  • Deve sempre ter-se objectivos: mais 1 km, mais 2 flexões, mais 30 segundos em prancha
  • Os objectivos não são para cumprir, são para superar
  • Fazer dieta é uma estupidez inútil – lamento ser tão contundente, mas as dietas servem para vender revistas femininas, para emagrecer é preciso mudar de alimentação, não é comer 3 toranjas ao meio-dia de cada terça feira enquanto se equilibra um pé de salsa no nariz
  • Fazer exercício físico sem uma alimentação equilibrada e nuritiva serve para cada vez menos quanto mais velho se é
  • O que se come imediatamente antes e imediatamente depois de treinar tem um impacto tão grande que parece magia
  • Não há melhor bebida que água
  • Perder peso não é um bom objectivo, perder gordura é um melhor objectivo: perder centímetros na cintura é uma medida mais significativa do que perder kg na balança
  • Fazer abdominais não elimina gordura na barriga
  • Fazer todos os dias exactamente o mesmo exercício torna-se rapidamente inútil – o corpo habitua-se, precisa de ser sempre desafiado a fazer mais (ver acima sobre intensidade e objectivos)
  • Sempre que pararem de correr, fazer flexões ou levantar pesos, provavelmente foi porque decidiram parar, o corpo aguentava mais 5 minutos, mais 10 flexões, mais 2 repetições, garantido
  • Coisas que não impedem ninguém de treinar ou comer decentemente: sono, filhos, responsabilidades, contas para pagar, empregos, falta de dinheiro, o clima, o governo, a opinião dos outros

Tudo isto é meramente a minha opinião, retirada da minha experiência. Não sou profissional. Há profissionais, treinadores, livros e manuais que sabem várias vezes mais do que eu, isto é só a minha experiência e a minha vontade de a partilhar aqui.

Finalmente: Nunca estou certo, estou sempre errado. O que estou a fazer, nunca está bem, está só um bocadinho melhor do que a última coisa que fiz, mas não vale a pena passar para a coisa seguinte, antes de acabar a actual. Planeiem o próximo passo enquanto terminam o actual, mesmo que já tenham percebido em que é que o actual é uma trampa.

Tudo dá frutos, desistir é uma perda de tempo.

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Porco demissionário

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Temos um porco demissionário na equipa. O pessoal teve uma ideia bestial para uma t-shirt para lhe oferecer e trouxeram-me o conceito para eu desenhar.

Eu desenhei.

Porco Demissionário

Porco Demissionário, Photoshop com Wacom Cintiq sobre esboço ranhoso a esferográfica fotografado com um SAPO A5

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Joana, um ano

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Joana, 1 ano.

Joana, 1 ano.

 

A Joana completou o seu primeiro ano de vida. Este post já vem atrasado, porque foi no dia 14, como é evidente.

O primeiro aniversário é sempre um bocadinho um tiro no escuro. Com os miúdos naquela fase em que geralmente são mais agarrados à mãe, encher a casa de gente para lhes fazer uma festa de aniversário é sempre complicado. Mesmo tratando-se da família, o sábado passado, foi mesmo assim: era a festa da Joana, mas a Joana chorou grande parte do tempo, aborrecida com tamanha comoção.

Teve os seus momentos, claro, mas fico sempre com aquela dúvida de se valeria a pena ter feito uma festa ou se mais valia esperar pelo segundo aniversário para introduzir o conceito de “montes de gente a cantar-te os parabéns”.

Por outro lado, estes eventos ajudam a criar hábito e evitá-los provavelmente não é solução para nada. Certamente que, daqui para a frente e durante muitos anos, a Joana vai vibrar com o seu dia de aniversário, com ter a casa cheia com a família e amigos e muitas prendas para abrir.

A Joana com um ano é a Joana cada vez melhor. Sempre de dedo esticado a apontar para o que quer, sempre simpática, a dizer olá a toda a gente e a rir-se com facilidade, sempre reivindicativa quando as coisas não lhe correm como quer.

Chegou aos 12 meses com quatro dentes, cada vez mais cabelo, saudável e com os problemas alimentares (intolerância ao leite de vaca), ultrapassados: agora já come tudo e está a descobrir os prazeres da lasagna, devidamente recheada de queijo.

Gatinha a uma velocidade impressionante, que leva o irmão a exclamar: “pai, ela é muito rápida!”; e passa muito do seu tempo de pé, já se tentando largar de vez em quando. Trepa para camas e sofás e volta a descer sem grande hesitação.

Está também cada vez mais verbal. Diz olá a toda a gente e de vez em quando já consegue aplicar outras palavras correctamente, como água, dá, mamã e papá. De vez em quando, sai-lhe uma palavra nova, mas depois não volta a repetir. Neste aspecto, ou fica neste patamar uns meses, ou então vai desenvolver vocabulário muito mais depressa do que o irmão, o que também é uma daquelas verdades típicas da paternidade, que as meninas falam mais cedo que os rapazes.

A relação entre os dois varia entre brincadeiras e risotas e o Tiago a encolher-se para que a Joana não lhe toque, como se da peste fugisse. Já ela não tem senão atracção pelo irmão, que lhe desperta sempre um enorme sorriso.

Finalmente, adora música, especialmente se for mexida e dançável e é um gozo vê-la abrir muito os olhos, rir-se e começar a pular, sempre que ouve os primeiros acordes do Fight for your right.

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Apreciar o que de mais fino tem a vida

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Nathan Drake contra um gajo que acha que se vai safar porque tem um escudo

 

No fim de semana, estávamos os dois sentados no sofá, ele a assistir, eu a jogar Uncharted 2.

No meio de uma batalha complicadíssima, eu despejava a Kalashnikov num dos vilões e quando acabou a munição e para não perder tempo a trocar para a pistola, atirei uma granada na direcção de um mercenário escondido atrás de uma balaustrada.

A coisa explodiu e o pobre diabo saltou pelos ares e aterrou aos pés do Nathan Drake que já se entretinha a disparar a sua .45 contra mais dois biltres barricados.

E o Tiago, de olhos bem abertos, comenta esta excelente manobra (e foi uma excelente manobra, devo dizer) e o seu eficaz resultado: “Liiiiiindooooo…!”

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Sage Francis – The Best of Times

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Muito de vez em quando coloco vídeos no blog. Só mesmo quando fico fascinado com algo. Até porque os vídeos têm tendência par a fugacidade e muitas vezes, quando se tenta ver um, publicado há mais tempo, a coisa já está quebrada.

Mas ontem encontrei uma coisa que mais uma vez me fascinou, que não conhecia e que me pareceu valer a pena publicar aqui, apesar de já ter partilhado noutros sítios.

Este rapaz, chama-se Sage Francis e a faixa, “The Best of Times”, do seu último álbum “Li(f)e“. A maneira como a música está construída à volta do texto mostra o que é, afinal, possível fazer-se com rap que não seja apenas uma sample gamada de um velho disco de funk dos anos 60 com um idiota qualquer a fazer “ahan, yeah”, por cima.

Gosto sempre da maneira surpreendente como descubro música nova que não esperava de forma nenhuma gostar.

Na esperança que agrade também a alguns de vocês, deixo-vos com o vídeo, pelo menos enquanto o link não quebrar…

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Comer, correr e ser feliz

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Terminei metade do programa Rushfit. Fiz a semana um e dois, depois comecei a três, que interrompi para ir passar o fim de semana fora. Depois recomecei a três do princípio e fiz a quatro. A partir da semana cinco, o cardio passa de 30 para 40 minutos. No meu caso, faço corrida e correr […]

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Porco demissionário

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Temos um porco demissionário na equipa. O pessoal teve uma ideia bestial para uma t-shirt para lhe oferecer e trouxeram-me o conceito para eu desenhar. Eu desenhei.

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Joana, um ano

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  A Joana completou o seu primeiro ano de vida. Este post já vem atrasado, porque foi no dia 14, como é evidente. O primeiro aniversário é sempre um bocadinho um tiro no escuro. Com os miúdos naquela fase em que geralmente são mais agarrados à mãe, encher a casa de gente para lhes fazer […]

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