Quem é que ainda se lembra?

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Alguém por aí ainda se lembra que ia comprar uma casa nova?

Pois é.

Já não aguento ouvir mais pessoas dizer-me que “ah isso agora é muito rápido!”. Ao que parece, os velhos 4 meses que se esperava desde que se decidia comprar uma casa até se ter a chave são coisa do passado, hoje em dia, em menos de um mês a casa é nossa.

Quando ouvi estas histórias vindas de vários lados disse à Dee: vais ver que connosco vai levar 4 meses na mesma.

No dia 6 de Janeiro fizemos a reserva da casa e no dia 22 de Março ainda não a temos. Felizmente não demos sinal, pelo que não estou preocupado com o lado financeiro da coisa, mas este atraso significativo já deitou por terra os vários planos que tínhamos feito em relação à casa, às obras e ao nascimento da nossa filha em Julho.

O que se passa é que a fantástica e famosa Justiça Portuguesa foi metida ao barulho. No nosso caso, não é vida ou morte, é uma questão de esperar e pronto… imagino como será a vida das pessoas que têm a sua “sobrevivência” nas mãos da nossa Justiça.

A casa estava penhorada e, embora o actual proprietário devesse ter resolvido o problema antes de por a casa a venda, a verdade é que só foi tratar do assunto depois de nos termos disposto a comprá-la.

Já temos um recibo que comprova que ele de facto pagou a dívida, mas é necessária uma certidão do Tribunal para fazer os registos e proceder à escritura. Ora, a certidão foi pedida em Janeiro e nunca mais chega.

Ao que parece, alguém que o proprietário conhece e que trabalha no Tribunal foi investigar e percebeu que “o papel”, não estava no sítio certo. Só esta parte já me deixa completamente estupefacto. Ao que parece, o papel andava perdido e sem uma cunha dentro do Tribunal, perdido continuaria.

Essa tal pessoa terá colocado o papel na secretária da Juíza.

A Juíza foi duas semanas de férias, pelo que o papel ficou por assinar.

Entretanto, o papel lá foi assinado, suponho que a muito custo, pela Senhora Doutora Juíza – compreendo que tenha mais trabalho para fazer, o que não compreendo é porque é que estas coisas se processam desta forma absolutamente arcaica.

Então o ainda proprietário da nossa nova casa foi buscar o papel.

Mas não podia. O papel tem que ser levantado pelo advogado do senhor.

Então o advogado foi lá levantar o papel.

Mas não podia! O advogado tem que ir para o seu escritório, sentar-se e esperar até ser notificado pelo Tribunal para ir levantar o papel.

E o papel está lá, passado e assinado, à espera de ser levantado. E passaram-se já quase três meses desde que reservámos a casa.

As pessoas envolvidas neste processo não querem saber. Não é a vida deles, não lhes interessa. Continuamos a viver no país do Espera Porco.

Espera Porco!

E o porco.. espera.

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19 comentários a “Quem é que ainda se lembra?”

  1. Ivo Gomes says:

    Bom, eu fiz a reserva da minha a 15 de Janeiro e vou fazer hoje (2 meses e pouco depois) a escritura. Isto porque os gajos do Banco conseguiram apanhar uma desistência de uma escritura neste dia e reservaram logo essa vaga, caso contrário só lá para meados de Abril…
    Não é um processo assim tão rápido, e só logo à tarde (se) quando tiver tudo terminado é que vou ficar mais descansado porque tem havido tantos percalços no caminho que já estou um bocado farto de todo este processo…

    Ah, e depois também ainda me faltam as obras… Mas isso é algo para começar a pensar só amanhã :)

  2. Joao says:

    Eu diria mais que é o país do “Aguenta Pacheco”

    Boa sorte para o resto do “calvário”. Pode ser que com o Papa a visitar o país este ano, isso leve um avanço jeitoso ;)

  3. artur correia says:

    Lembra-se do comentário que fiz ao post?
    Pois é. Agora adivinhe lá o que é que ainda pode correr mal!
    A dívida da penhora está paga, mas … as custas do processo judicial, estão pagas? Certificado energético, já tem? Licença de utilização, existe? Certidão do IPPAR, já há?

    Boa sorte!

    • Oh Artur, eu sei que podem correr coisas mal. Aprecio é com grande prazer o gozo que parece dar-lhe transmitir-me esse pessimismo.

      O que sugere que eu faça? Desista de comprar a casa? Fico a viver onde estou e não saio dali, porque o mundo é tão difícil e tão cruel que mais vale estar quieto. É isso?

      Já sei… que contrate um advogado.
      Mas cheira-me que em vez de três meses aí são três anos… :-)

      • artur correia says:

        Parafraseando-o, cada macaco no seu galho. Parece-me que no seu caso anda por galhos que não são os seus. Tenha lá cuidado com isso, que ainda se magoa.
        E está enganado, não tenho gozo nenhum em fazer-lhe estas perguntas. Acho é que são perguntas que deveriam ter sido feitas antes de se meter de cabeça no negócio. Não acha?
        Penso que ainda vai a tempo de evitar surpresas. Ainda tem caminho pela frente. É só.

        • Artur, não me interprete mal, como já lhe respondi no primeiro comentário, agradeço os conselhos e a preocupação que as pessoas têm mostrado com este processo.

          Queria só transmitir-lhe que eu também tenho preocupações e muitas reservas. Tenho sido muito cuidadoso neste processo todo e não dou nada por garantido e a verdade é que nem sinal dei porque desde o início que há aqui algo que me “cheira mal”.

          Já tenho comigo a caderneta predial que creio que implica uma licença de utilização, não sei se o certificado energético foi feito e não sei para que serve uma certidão do IPPAR neste caso.

          Não sei se me quer esclarecer.

          • artur correia says:

            Caderneta – prova apenas os elementos fiscais relativos ao imóvel
            Licença de utilização – pode ou não ser exigível, dependendo da data do imóvel (está na caderneta). Se for necessário tem que ser obtida na Câmara Municipal. Neste capítulo é necessário verificar se houve alterações não licenciadas que tenham sido levadas à caderneta e exijam actualização da ficha da conservatória e alterações aos projectos camarários
            Autorização do IPPAR / Câmara – Em certas cidades há zonas em que certas entidades têm direito de preferência na aquisição dos imóveis – IPPAR / CML – é necessária uma declaração dessas entidades dizendo que não preferem
            Registo Predial – qual é o conteúdo da ficha da conservatória? importantíssimo.

            Dependendo do conteúdo de cada um destes documentos a sua aventura pode ser mais ou menos demorada ou até impossível.

            • ok, obrigado, vou informar-me desses detalhes, assim como já pedi à imobiliária para se informar sobre o certificado energético.

              Creio que na zona que se trata, o IPPAR não terá intervenção, é uma zona residencial em Almada, perfeitamente banal, mas em todo o caso, informar-me-ei.

              PS: Entretanto a minha mulher já confirmou que o certificado energético já está feito e nas mãos da imobiliária.

  4. Lisete says:

    O facto é que os processos ditos rápidos só o são quando as casas são novas, e os papéis estão todos em ordem, ou se são em 2ª mão, não têm problemas pendentes. Aí asseguro-lhe que em menos de 2 meses o processo está concluído, que é o que faço todos os dias!!! Mas eu trato dos “papéizinhos” todos para os clientes não terem chatices :-) De facto tiveram azar :-(

    • Sim, eu percebo que de facto o processo hoje em dia esteja muito mais rápido do que quando comprei as minhas duas primeiras casas e que de facto toda esta história tenha a ver com a desorganização do proprietário actual. Assim que o conhecemos e investigámos um pouco percebemos logo que a coisa não ia ser linear, por isso mesmo temos sido pacientes… mas de facto já farta um bocado.

      • Mais 2cents:

        Os processos são muito mais rápidos do que dantes.
        Julgo ter lido algures que ias fazer CH, não sei se no BES… tinha/fiquei essa ideia.

        Os do BES são feitos nos cartórios com que eles têm acordo, e julgo que por isso são mais rápidos. A minha foi feita no Cartório do Centro Sul e foi bastante célere.

        Relativamente ao tal certificado do IPPAR, não sei se já viste isso, mas como queria vender a minha fui também á CMA (em Almada Velha… não sei bem o nome porque não conheço muito de Almada, mas desce-se umas escadinhas para ir para lá) perguntar, e disseram-me lá que geralmente eram os cartórios que lhes pediam essas coisas, e não os particulares, que eu até estava a tentar avançar á frente do processo.

        De qualquer das formas se tens imobiliária pelo meio eles que mexam e justifiquem os milhares de euros que cobram ao vendedor.

        No nosso caso após aprovação bancária foram sensivelmente dois meses, tendo em conta que foi uma escritura de permuta acho que foi bem rápido. Pior é o tempo que se gastam em avaliações, papéis e afins….

        Enfim, parece que é muito tempo mas depois quando vires já está.

  5. rui teixeira says:

    boas…
    estive a ler com atencao este post… visto estar a tentar comprar casa e estar com um problema parecido com o seu… ja reservei o imovel e so dps fikei a saber k o proprietario tem um processo em tribunal k lhe penhorou o imovel… agora vou ter de esperar para k tudo se resolva… e coisa k tb nao kero fazer é dar o tal sinal(que é o valor da penhora)…. abraco

    • Viva.

      Antes de mais, boa sorte. No nosso caso, a coisa arrastou-se quatro meses.
      Nunca dei sinal, apenas um cheque de reserva de 2500 euros que voltou para as minhas mãos no dia da escritura e seria apenas depositado pelo vendedor se eu, de repente, desistisse do processo.

      Se a casa está penhorada, tem toda a legitimidade de dizer que não admite dar sinal pelo imóvel visto que quem está numa situação financeira duvidosa é o vendedor.

  6. artur correia says:

    Se a casa está penhorada pode ser uma belíssima oportunidade de fazer um bom negócio, desde que não o faça sem rede. Arranje um advogado.

  7. Alexandre says:

    Bom dia a todos,
    nós estamos numa situação parecida com alguns de vocês, demos sinal para uma casa e quando fomos levantar o registo predial vimos que a casa tem várias penhoras, de valores muito superiores aos da casa. O nosso advogado diz que isto de pode fazer, porque o banco executante afirma que levanta as penhoras após a escritura, mas e se por acaso alguma coisa correr mal, e as tais despesas de processo, e outras penhoras porventura ainda não registadas.

    será que alguém nos pode dar alguma informação sobre esta situação, já lá vão mais de 6 (!) meses,

    Obrigado,

    Alexandre

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