Paternidade online

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

O Tiago está com 19 meses e cada vez mais espertalhão. Começou a fazer birras, atirando-se para o chão e guinchando, ao que nós reagimos indo para outra parte da casa. O gajo, claro, descontente com a falta de público, mudou de estratégia: as birras são agoras feitas guinchando agarrado às pernas dos pais.

Os pais aguardam que passe a fita e, claro, tentam não se desfazer a rir.

Adora correr pela casa gritando de alegria “aaaaaaaaaaaaah!”, corre para o quarto; “aaaaaaaaaaaah!”, corre para a sala. Coisa que, confesso, apanhou do pai, cuja brincadeira mais recente é: “Tiago, onde é o nariz?”; miúdo aponta para o nariz; pai entra em frenesim: “É MESMO! É QUE É MESMO! AAAAAAAAAAAAAAH!”, levantando criança no ar e correndo com ela pela casa.

Ei, há que festejar a magia do conhecimento.

Falar é que, nicles. No que toca a conversas, o Tiago, Moita Carrasco. Nós bem tentamos, mas ele, tá quieto ó mau. Sílabas, sabe muitas e variadas, com diversas combinações de consoantes e vogais e sempre que tentamos incitá-lo a falar, sorri-se assim meio de lado, como o Han Solo para a Princesa Leia, como quem diz: “o que tu queres, sei eu”.

Goza-nos, é o que me parece. Cheira-me que um dia destes começa a recitar Shakespeare e ninguém o cala.

Este impulso para escrever sobre o meu filho, que tenho desde sempre, talvez porque sou um viciado nisto do blog, vai a caminho dos dez anitos, fez-me pensar… onde estão os outros pais?

Mães há muitas. Mães há, até, demais! E a quantidade delas que são mães, não de crianças normais, mas de Princípies e Princesas é alarmante. Acho que virámos Monarquia e eu não dei por nada. Mas e homens?

Assim de repente, de entre os blogs que mais leio, não me lembro de nenhum que fale de forma razoavalmente constante sobre os filhos. Há menções, sim… apercebemo-nos que alguns são pais, mas até agora não conheci um que falasse da paternidade com algum entusiasmo. Talvez o Pedro Ribeiro seja o que mais frequentemente vejo mencionar a sua relação com os filhos que, claramente, são parte fulcral da sua vida.

Nem falo de revelar detalhes sobre as crianças, compreendo que algumas pessoas acreditem que assim protegem a sua privacidade, mas enfim… dúvidas existenciais sobre ser pai; preocupações, alegrias…

Será que os gajos continuam a achar que falar dos filhos é ser piegas, totó, fraco?

É uma dúvida que me assalta… mas não pensem que a deixarei levar-me a carteira!

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12 comentários a “Paternidade online”

  1. O que te posso dizer é que está a tornar-se engraçado ver o teu filho a crescer, e assistir a isso através do teu blog.

  2. pnf says:

    Não sei se é piegas, totó, mariquice ou lá o que é. Posso é dizer-te que o meu blogue, não se limitando a isso, é essencialmente sobre as minhas filhas – como certamente se nota pelo tamanho da tag “filhos”… Aliás, a ideia do meu blogue foi deixar uma espécie de herança para as minhas filhas.

  3. Loira says:

    Por acaso leio vários blogs de mães e concordo que a maioria são da realeza! ;) De homens não conheço nenhum!
    No teu caso gosto de ler sempre as duas versoes, a da mãe e a do pai!
    Parabéns!

  4. FlaviaPM says:

    Faço o mesmo que a @Loira – Leio as impressões masculinas e femininas dos mesmos episódios e acho o máximo.
    A experiência aqui do nosso lado é – tirei comunicação, portanto divirto-me a escrever (sobre o que for) por isso tenho o blogue da bebé.
    O gaijo, por outro lado, é mais exactas e não muito chegado às palavras, por isso faz as fotografias (do blogue da bebé e do dele) ;) e mesmo assim muitas vezes tem “preguiça” de actualizar o blog dele porque o da bebé eu corro p. encher de fotos.

  5. Concordo que não há muitos pais a escrever sobre a sua experiência e que a diferença entre a experiência dos pais e a das mães é suficientemente grande que justifique o interesse. Mas no caso específico da nossa Maria, que ainda tem pouco mais de 4 meses, quem escreve sou mesmo eu. Não tanto quanto gostaria e sempre na dúvida sobre a partir de que momento é que estou a violar a nossa privacidade— minha, da mãe e da própria Maria, que daqui a uns anitos poderá achar tão acabrunhantes as minhas entradas de pai babado no blog, como cada um de nós acha as historietas babadas que os nossos pais divulgam acerca da nossa infância, nem sempre com critérios compreensíveis. Ou sou só eu que já passei por essas vergonhas?

    De resto, um dos motivos da atenção especial que dedico ao teu blog, Pedro, são os “Tiálogos”.

  6. João, tal como com o Pnf, subscrevi para ler com calma.

    Acho interessante ler o ponto de vista masculino desta coisa de ter filhos e como há pouco disso por aí, é bom já ter encontrado dois para explorar.

    Os momentos acabrunhantes?… é mesmo assim :-)

  7. pnf says:

    Sobre essa história dos “momentos acabrunhantes”, posso dizer mais qualquer coisa, já que, as minhas filhas têm um pouco mais do que 4 meses. Uma tem 5 anos e a outra tem 8, logo já sabe ler. E ela conhece o blogue e já a vi a lê-lo: há ali um misto de gozo e de vergonha, mas o somatório até agora foi sempre positivo.
    Elas gostam de ler, gostam que eu leia e divertem-se com as suas próprias histórias. Assim, penso que existirá sempre alguma “acabrunhamento”, mas o resto compensa.
    Abraço,
    Pedro

  8. Eeeeh tantos. Nunca tinha encontrado nenhum desses. Vou investigar.

  9. bintxo says:

    o que interessa é que o xavalito já tem uma excelente relação desenvolvida com “la pelota”, olha o Ronaldo… eu acho que ele começou a falar aos 18 anos e no entanto não vive nada mal…

  10. TomasP says:

    Aqui tens um. Emotivo muito mais que q.b.

    http://condedeangola.blogs.sapo.pt/6026.html

    Parabens pelos dez.

Responder a FlaviaPM

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