The Dark Knight: nem 15, nem 35

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Depois de meses de espera fui finalmente ver o novo filme baseado no super-herói da Detective Comics, Batman. O filme, The Dark Knight, é o segundo realizado por Christopher Nolan com Christian Bale no papel do vigilante de Gotham City e vinha carregado de hype. Como é habitual, nestas circunstâncias, fiquei desiludido.

Quando o hype acabou e o filme estreou nas salas, as coisas continuavam a parecer muito animadoras: as críticas eram esfusiantes, o record de estrelas no IMDB foi batido e o filme senta-se no trono do “melhor de sempre“, com 9.3 estrelas de um total possível de dez. De notar que não ponho grande valor neste tipo de tops e charts, afinal de contas, mas esta é votada pelo público e demonstra, no mínimo, uma grande unanimidade em torno desta nova aventura do Batman.

Nada como um actor morto para vender bilhetes

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Pouco depois de sair da sala percebi exactamente porque é que o filme não me satisfez: por um lado, não me senti com 15 anos, torcendo pelo super-herói, na beira da cadeira e por outro, não me senti com 35 anos, sentado a ver um bom filme em que me conseguisse imergir.

Sejamos claros: gostei do filme. Mas gostei bastante mais do Batman Begins.

Poderão seguir-se spoilers.

The Dark Knight parece contado aos solavancos. A história não flui bem, parece que há sempre algo que a prende e depois a solta abruptamente, fazendo-a tropeçar sobre si própria. Creio que o personagem de Harvey Dent está a mais ou demais.

Ou o tiravam do filme e se concentravam na luta entre o Batman e o Joker (“you won’t kill me because you’re too good and I won’t kill you because your too much fun!”), ou pelo menos apagavam-no um pouco: o seu carácter incorruptível, mais do que uma metáfora de um certo tipo de homem, torna-o uma caricatura desse mesmo tipo.

Este é um filme que falhou o seu alvo. O alvo era a luta entre o bem e o mal, entre o Batman e o Joker, que começa a esbater-se; era o tema da loucura que leva cidadãos comuns disparar sobre um outro porque lhes é lançado um repto por um louco, na TV. Este filme poderia ter mostrado um Batman como o de Frank Miller: farto, cansado, dorido levado ao extremo, preparado para matar o seu inimigo, levando-o à vitória.

Perderam-se.

E perderam o melhor Joker de sempre, que poderia ter desempenhado esse papel, nesse hipotético filme, tornando-o na obra assombrosa que toda a gente diz que o Dark Knight é.

Tem-se discutido se Heath Ledger foi melhor Joker que Jack Nicholson, mas essa discussão nem faz sentido. Ela só existe, creio, porque toda a gente tem medo de desrespeitar Nicholson. Mas eu não tenho razões para isso e posso-vos dizer que sim, Heath Ledger é obviamente o melhor Joker de sempre.

E nem sequer é por falha de Nicholson. São filmes diferentes, visões diferentes, oportunidades diferentes. O Joker de Ledger faz a melhor cena do filme, quando o louco criminoso se evade num carro da polícia, abanando a cabeça, de cabelo ao vento.

Aliás, o Joker é provavelmente o único personagem que surge no filme na quantidade certa. Se assim é e se Harvey Dent está a mais, então o próprio Batman está a menos.

Bruce Wayne e o seu alter-ego surgem pequenos. Menores que o excêntrico Joker, mas também menores que o heróico Dent. Wayne não parece ter motivações por aí além, embora pareça embevecido com a grandiosidade benfeitora de Dent – o que também é estranho – e acaba por se diluír quase como um personagem secundário.

Como com a série de filmes anterior, iniciada por Tim Burton, os personagens secundários têm mais protagonismo do que o cabeça de cartaz. Se em Batman Begins o filme se centra em Wayne e nas suas neuras e no nascimento do Batman, em The Dark Knight chegou a parecer-me despropositado o aparecimento do Batman na sala de interrogatório a estragar uma boa cena de diálogo entre Jim Gordon e o Joker.

E quando num filme do Batman, a entrada do dito em cena parece despropositada, algo não está lá muito bem.

Como nota final, algo que a Dee notou a meio do filme: não há sangue. Este é mais um daqueles filmes assépticos para toda a família. E podia ter. Não precisava de ser gratuito, nem muito, mas algumas cenas poderiam ser um bocadinho menos lavadas.

É um filme para a colecção, sim. Mas mais rapidamente vou rever o Iron Man, que pelo menos é divertidíssimo, do que o Dark Knight que… não é mau, mas…

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17 comentários a “The Dark Knight: nem 15, nem 35”

  1. Hugo says:

    És um banana.

  2. Pedro,

    Percebo todos os pontos que apontas, mas não concordo com todos.

    De notar que não sou grande conhecedor do mundo das comics nem da história aprofundada do mundo do Batman… ainda assim, creio que cometes um erro ao tentar encaixar o filme que viste num good vs evil, num batman vs joker. Especialmente com as imensas referências à frase proferida pelo Harvey Dent: “you either die a hero or live long enough to see yourself become the vilain”.

    Creio que o Joker está lá como catalizador, como destruidor do white knight de Gotham… o J. vê no Batman um colega mais do que um adversário. Digo isto pois as várias iniciativas macabras levadas a cabo por ele têm um objectivo comum com o Batman… revelar a podridão de Gotham e livrar-se dela. Começa com o “kill the batman” mas rapidamente se percebe que não era bem isso que ele queria…

    A meu ver, o filme é mais centrado na dicotomia Harvey Dent (white) / Batman (dark) do que no batman vs joker… but that’s just me.

    Quanto à representação… imaculada. O Heath fez o papel da vida dele… por momentos, nessa cena em que dizes que a presença do Batman era questionável, consegue-se vislumbrar um esgar de prazer, um sorriso doentio do Joker directamente para o punho do Batman fracções de segundo antes de levar com ele… pormenores desses fazem com que este seja bastante mais que uma personagem. É um mito.

    (por curiosidade, vai a http://www.imdb.com/title/tt0468569/trivia e procura por: “It’s Sir Michael Caine’s opinion”)

    E já agora, boa observação pela Dee. Não tinha reparado. No entanto, questiono o “filme familiar”. O Nolan puxou a caracterização do Two Faces bastante além do “filme familiar”. O nosso amigo Aaron Eckhart mostrou do que é capaz… só precisa é de espaço. ;)

    É por tudo isto que digo que não desiludiu. Creio que são filmes bastante diferentes, este e o Begins, mas ainda assim, duas partes da mesma visão do Nolan.

    Concluíndo… me likey. :)

  3. André, leste mal o que escrevi que foi “O alvo era a luta entre o bem e o mal, entre o Batman e o Joker, que começa a esbater-se”.

    A ênfase é “que começa a esbater-se”. Se calhar convém colocar essa frase em bold.

    Para haver uma dicotomia white/dark knight, o Batman não pode apenas limitar-se a dar uns tabefes no Joker e assumir a culpa dos crimes do Dent. Os autores do filme tiveram medo de o levar onde deveria ter ido: O Batman precisaria de ser bruto, mau, zangado, farto e disposto a tudo. No fundo, levá-lo ao limite.

    Nada disto acontece no filme.

    Quanto a mitos: são coisas intangíveis em que prefiro não me perder. O que dizer de um actor que faz o papel da sua vida e depois morre? Teve azar… ou… sorte?

    Jimi Hendrix, Kurt Cobain, Jim Morrison… grandes perdas, ou o melhor que lhes podia ter acontecido, antes que acabassem gordos e cobertos de lantejoulas a cantar em Las Vegas?

    Não sei.

    Quanto a violência: achei a carantonha do two-faces despropositada no final do filme. Why so grotesque?

    Teria preferido ver a faca do Joker cortar a bochecha do gangster. Tivesse existido essa cena, o meu respeito pelo filme duplicaria.

    Quanto a gostar… sem dúvida e ainda bem. Eu também gostei, mas lamento sempre quando um filme passa ao lado daquilo que poderia ser.

  4. JM says:

    melhor filme de sempre, a unica coisa que nao gostei foi de o filme não ser maior !

    a nivel psicológico e de idiais, esta espetacular.

  5. C´mon says:

    Este filme nao é como o ironman ou mesmo o spiderman, que sao sao faceis de ver e gostamos, pegando neste cavaleiro das trevas e levando-o áquele rotulo de filme obra prima que nos faz mesmo descordar e debater tudo nele, nomeaçao para oscar de certeza

  6. C´mon says:

    É isso que os grandes filmes fazem, divergem pessoas, mas as que estao contra no final têm de admitir que estavam erradas…pois é

  7. Pedro says:

    pelo o k eu vejo pá os teus dias pa te rires assim devem ser mesmo uma merda, hehe

  8. Pedro says:

    para além de n saberes nada de filmes claro, k fazes da vida?

  9. Pedro says:

    sou 3 pessoas k estao a aqui pa gozar com pessoas

  10. Gonçalo Almeida says:

    Ei pessoal! tanta hostilidade! N era pa comentar o filme?
    Concordo com o k voçes disseram! a montagem podia ser melhor mas é muito bom mesmo o filme!
    Gostava de saber o k acham da interpretaçao do gary oldman

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