Sobre o referendo à despenalização do aborto

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Já votei no primeiro e desde então não mudei de ideias, vou – obviamente – votar sim. A hipótese do não é medieval, pura e simplesmente. Mas sobre este assunto, o grande filósofo Carlin disse-o melhor que ninguém:

“don’t you find it a little ironic that the people who are against abortion are people you wouldn’t wanna fuck in the first place?”

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11 comentários a “Sobre o referendo à despenalização do aborto”

  1. melusine says:

    Eu continuo a achar que há aí muita gente com medo dos efeitos retroactivos….

  2. Dee says:

    Depois de ter visto umas cenas na tv de manifestações a favor do não e ter reparado que a massa humana consistia principalmente em velhos, logo, já fora da idade de ter filhos, acho que neste referendo só deviam votar cidadãos com menos de 50 anos. A legislação deveria ser decidida por pessoas a quem isso vai afectar na prática e não pessoas que continuam a achar que a religião devia continuar a influenciar o estado.
    É claro que num mundo perfeito o estado não tinha nada que meter o nariz na vida privada das pessoas, e por isso não deveriam ter que existir leis contra nem a favor, mas suponho que isso já era pedir muito.

  3. Gabriela says:

    Dee says: “acho que neste referendo só deviam votar cidadãos com menos de 50 anos”

    E o caso das mulheres que por volta dessa idade entram na menopausa e que por indicação médica devem deixar de tomar a pílula e o DIU não é aconselhável e as menstruações são irregulares? Imagina qual o problema dessas mulheres? Essas mulheres, algumas já avós, pode engravidar, sabia? Por que não devem então ter o direito a votar? O mundo e as decisões da sociedade não pertencem apenas aos jovens! Talvez quando chegar a essa idade as compreenda…

  4. Dee says:

    Epá, era um número genérico, obviamente a pensar em mulheres pós-menopausicas. Mas ok, considerando que a menopaus pode ocorrer até aos 55 anos, sobe-se o número. Por mim tudo bem.
    O problema é que se formos também que os homens são capazes de se reproduzir a vida inteira, isso torna as coisas ainda mais complicadas se quisermos estar a ser estupidamente justos, não?
    A questão é que há mulheres de 70 anos ou menos que até são capazes de ter feito um aborto quando eram novas e agora fazem de conta que nada aconteceu e andam armadas em moralistas. Esse tipo de hipocrisia irrita-me.
    E já agora, a partir dos 50 anos torna-se proibido usar preservativos? Não compreendo bem o problema. Pode ser levemente desagradável mas é eficaz desde que não rebente.

  5. melusine says:

    Concordo absolutamente com a dee.
    É um contrasenso votar-se uma coisa que só deve estar na consciência de cada um.
    Acho que ninguém pensa que abortar é um desporto, e se alguém tem essa ideia, mais uma razão para o fazer.
    Que estupidez a das pessoas que se acham donas da moral e da vida dos outros!

  6. Gabriela says:

    Macaco says: “…isso torna as coisas ainda mais complicadas se quisermos estar a ser estupidamente justos, não?”

    Essa da Justiça ser estúpida é um conceito que me falha…Se disser que é uma utopia, até concordo.

    O que é estúpido é a hipocrisia. Em qualquer idade. E julgo que não há nenhum estudo a indicar que existem mais hipócritas nos “velhos” do que nos “jovens”.

    O que é estúpido é haver pessoas que se acham detentoras da verdade e da razão absolutas.

    O que é estúpido é não saber respeitar os outros e as suas opções sobre as suas vidas. E não ter a humildade suficiente para entender que da vida e razões dos outros nada sabemos.

    O que é estúpido é querer impedir certas faixas etárias de dar a sua opinião sobre questões sociais. Como se já estivessem “a mais”…

    Nota: Sou jovem. Se tudo correr bem, hei-de chegar a velha. E quero poder votar sempre que me apetecer. Por isso defendo uma sociedade democrática, onde as minorias também são ouvidas.

  7. Inês says:

    Eu também quero ter sempre o direito ao Voto…da mesma maneira que quero ter o direito a decidir sobre mim, sobre a minha vida e o meu corpo sem estar sujeita ao idealismo religioso das outras pessoas!! A Dee tem toda a razão…muitas destas pessoas opinam de acordo com a sabedoria e a religião que lhes foi incutida em crianças! Não votam de acordo com o que acham correcto, votam porque é o que a religião dita. E o argumento é porque é pecado! Não é tão pecado trazer uma criança ao mundo que poderá não ser amada, cuidada, querida?? Estar grávida não é sinónimo de ser mãe… quantas mães infelizmente não podem engravidar e optam pela adopção? são menos mães por isso? e quantas Mulheres engravidam e não querem/não sentem a maternidade??

  8. Dee says:

    Pedro, desculpa pela confusão do post – estava no teu computador e ficou com o teu username em vez do meu.

    Gabriela: acho que vai para aí uma grande confusão ou má interpretação do que eu disse. E nunca disse que era ‘detentora da verdade e da razão absolutas’ estava a expressar uma opinião, baseada em grande parte na frustração que é conseguir que algumas pessoas vejam os probemas de um ponto de vista lógico em vez de estarem cegas pelas suas crenças, muitas vezes religiosas, que querem impor aos outros. Esses sim, acham-se detentores da verdade. Eu sei que sugerir que determinado grupo seja impedido de votar é altamente anti-democrático e já estava à espera de uma reação deste tipo mas irrita-me a forma como este referendo está a ser confundido com uma coisa que não é e irrita-me ainda mais que as pessoas que são do ‘não’ o sejam muitas vezes por falsas razões moralistas e que uma grande maioria dessas pessoas não esteja já em idade fértil e a opinar sobre coisas que já não sente na pele.

    Não posso dizer que seja a favor do aborto assim sem mais nem menos, mas também acredito que sejam raros os casos em que uma mulher faz um aborto sem pensar duas vezes. Sim, é possível que existam algumas mulheres que recorrem ao aborto por motivos tão mesquinhos como não quererem tomar a pílula porque engorda e o marido se recusa a usar preservativos. É obvio que nesses casos acho errado porque os actos têm de ter consequencias. Mas a verdade é que grande parte das vezes quem considera a possibilidade do aborto são mulheres que não tem condições financeiras para ter a criança ou têm 13 anos, por exemplo. Ou seja, situações de desespero, e acho que as pessoas que são contra indiscriminadamente se recusam a pensar na parte mais importante deste problema que é ‘o que é que vai acontecer a estas crianças?’ Isso já ninguém quer saber.
    Se a adopção no nosso país funcionasse bem, essa seria uma solução para alguns destes casos, mas os processos de adopção continuam a demorar anos e o que passam estas crianças entretanto? Alguém quer saber?

    Mas o que está em causa neste referendo nem é nada disto. É simplesmente o facto de uma mulher ser presa por fazer um aborto, muitas vezes sem condições médicas ou de higiene que põe em risco a sua própria vida. Acham que alguém faz isto por divertimento? Quem é que sofre com isto? São mais uma vez as pessoas sem capacidades monetárias, porque as outras fazem uma pequena viagem a Espanha, instalam-se numa clinica e resolvem o problema sem grandes complicações. Não que seja mais facil psicologicamente tomar tal decisão, mas em termos práticos sabemos que o dinheiro resolve muita coisa.

  9. Macaco says:

    Antes de mais nada gostaria de lembrar que quem manda aqui sou eu. E “ninguém chama estúpida à minha mulher”, é uma das minhas regras com maior destaque, na lista de regras que inventei agora mesmo.

    Portanto: comentário pró lixo.

  10. NoP says:

    Mais claro não poderia ser

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