Rival Sons

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Não é todos os dias que se descobre música que não se conhecia e que se começa a gostar da primeira audição. Confesso que faço por isso. Estou constantemente na tab ‘for you’ do Apple Music que, diga-se, tem vindo a melhorar com o tempo. Vou ouvindo o que me sugerem e o skip é sempre o meu melhor amigo.

Sempre, isto é, até soar aquele som que me arrebita as orelhas. Já aconteceu muitas vezes e sempre me levou a descobrir músicos que me eram alheios e que vim a integrar nos meu hábitos melómanos, no mínimo, eclécticos. Aconteceu hoje.

Na dita tab, debaixo do título “Because you like Baroness” (fuck yeah, I do), apareceu-me uma das playlists de ‘essentials’ curada pela Apple. Neste caso, Rival Sons Essentials. A primeira faixa chamava-se “Do Your Worst”, do álbum mais recente “Feral Roots” (2019). Fez-me imediatamente lembrar algo como o “Communication Breakdown” dos Led Zeppelin, embora depois dê ali outra volta. Olá?

Rival Sons

Seguiu-se a googlada habitual para ler em vários sítios que, sim senhor, estes tipos de Long Beach, CA, formados em 2008, se dedicam a esta coisa cremosa e espessa a que chamamos rock. Talvez clássico, talvez blues, talvez “& roll”, mas que vem sempre em saudáveis doses de riffagem, lickadelas e grooves infecciosos.

Guitarra (Scott Holiday), baixo (Dave Beste), bateria (Mike Miley) e voz (Jay Buchanan). É preciso mais? O som é puro 70s, com produção actual, a voz é versátil e indefectível, com uma solidez que agarra todo o som da banda. E se for mesmo preciso mais, Buchanan toca alguma harmónica e há órgão para o que der e vier.

Fala-se muito dos Greta Van Fleet, que já ouvi e a quem não nego algum talento, mas de quem, confesso depressa me cansei. Destes Rival Sons? Nada. Aliás, estou viciado… Digo mais, pouco depois de os descobrir, descobri que tocavam esta sexta-feira no Lisboa ao Vivo e sabem que mais? Já tenho bilhete.

Fiquem-se com uma das mais óbvias, “Pressure and Time” e digam lá se não parece quase que vai arrancar o “Out on the Tiles”, dos Zep.

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Heróis Inúteis

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Há umas semanas, enquanto faço companhia ao meu filho antes de adormecer, comecei a sentar-me com o iPad e a desenhar uns bonecos que apelidei de Heróis Inúteis. A coisa tem-se tornado viciante e já fiz vinte diferentes.

São heróis do dia a dia que populam as ruas portuguesas e que, no fundo, não praticam o Bem, nem o Mal, antes pelo contrário.

Gostava de chegar ao fim do ano com suficientes para fazer um livrinho para os amigos e, entretanto, comecei também a fazer umas t-shirts. Tudo em nome de um bocado bem passado. Aqui fica uma amostra:

Heróis Inúteis

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Elephants on Acid

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Cypress Hill
Imagem de https://consequenceofsound.net/ gamada sem autorização

Nos últimos dias do Verão de 2018 caiu-me esta coisa no colo, inesperadamente. Não que eu seja um grande especialista em Cypress Hill, mas Elephants on Acid saiu oito anos depois do último álbum da banda de hip-hop californiano (será a banda que é californiana, ou o hip-hop?)

Embora sempre tenha mantido um olho na música deste tipos, nunca sou capaz de citar mais do que “Insane in the Brain”, pelo que a surpresa deste Elephants on Acid foi ainda maior: é um granda álbum!

Permitam-me que a idade me conceda a veleidade de dizer que “no meu tempo”, o hip-hop não era a merda que é hoje. Pois, nem o hip-hop, nem os homens de barba comprida, que na altura eram pescadores ou lenhadores e agora são betos do Chiado de suspensórios e sapatos sem meia.

Num estilo em que gajos que parecem ter acidentes em que se estamparam por uma montra da Gucci adentro, como Soulja Boy, Lil’ Pump ou Tekashi Sixtynine (recuso-me a usar a grafia da street), Cypress Hill entram pela membrana timpânica adentro com os pés juntos e botas de biqueira de aço old school.

Soulja Boy, após se ter espetado na traseira de um camião com merdas roubadas da Gucci

Depois de uma intro em árabe com muita insistência na palavra ‘hashish’, a casa começa a estremecer com “Band of Gypsies”, que foi também o primeiro vídeo que encontrei no Tubo, saído deste álbum. Para os preguiçosos, aqui fica:

O álbum continua entre “intervals”, típicos do hip-hop e faixas que não perdoam os vizinhos e pedem um sub-woofer jeitosinho para acompanhar as frequências tão baixas que desalojam pedras renais sem intervenção cirúrgica. O problema é depois fazê-las sair pela uretra.

Em suma, este disco é um malhete do cacete, lento mas certo, com MCs como deve ser, letras muito orientadas à ervanária e batidas a condizer. Basta ouvir uma coisa como “Falling Down” para perceber o que eu quero dizer: isto pede mesmo um almofadão no chão e alguma forma de entretenimento recreacional de carácter lúdico-alucinatório. Toca a sintonizar esses streams, meus irmãos! (E irmãs!) E ide ouvir música da boa!

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Delete Facebook

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Pond e as Redes Sociais

Em 2009, eu e o Gustavo Carvalho inventámos um sistema de gestão de redes sociais chamado Pond. Trabalhávamos ambos no SAPO, que ainda era a referência em tecnologia e, especialmente, Internet, em Portugal.

Na altura formámos uma equipa e nesse ano passámos do papel ao lançamento, em multiplas plataformas, com bastante impacto numa certa comunidade que sempre se interessou pelo SAPO e pelas aventuras e desventuras do Celso Martinho.

Hoje em dia, certamente que não teria sido uma equipa, mas uma startup interna, eu e o Gustavo não seríamos impulsionadores do projecto, mas co-founders e C-qualquer coisa e, quem sabe, talvez tivesse havido guita de um fundo de investimento qualquer para aquilo viver mais do que o ano e picos que teve de vida.

Mas toda esta introdução serve apenas para dizer que foi nessa altura, e por força do projecto, que aderi ao Facebook, Twitter e que mais houvesse — que na época não seria muito. Abri as portas e janelas, escancarei o que havia para escancarar e rapidamente cheguei a números elevados de amigos e seguidores e demais audiência para, achava eu, poder testar a plataforma do Pond como deve ser.

E assim foi, nesses anos. E eu, após uma resistência inicial que acabei por admitir tratar-se de rezinga, mergulhei nas profundas águas das “redes sociais”, muito particularmente do Facebook. Quase dez anos volvidos, o Facebook tinha-se quase completamente confundido com a minha vida: posts constantes, consulta frequente da timeline, fotos, vídeos, links, comentários, discussões acaloradas com pessoas que não conheço de lado nenhum. Irritação, frustração, tédio. O Facebook estava a tornar-me numa pessoa pior. Muito pior.

O estado das coisas

Mesmo sem entrar nas preocupações actuais com privacidade e manipulação, há outra coisa que me incomoda muito no Facebook e que sempre me incomodou em “sites” do género, como o My Space ou o Hi5 antes do FB. É que um dos fascínios que a Internet sempre teve para mim, é o facto de ser uma plataforma de comunicação de dados sobre a qual existem inúmeras pequenas ilhas entre as quais podemos ir navegando, explorando, para descobrir novas pérolas.

Um monstro como o Facebook pretende sobrepor-se à Internet; à web, ao mail, a serviços de vídeo, de notícias, de chat. O Facebook pretende monopolizar toda a atenção dos utilizadores para poder explorá-los, enquanto lhes canta uma canção de embalar sobre comunidade, diversidade e união e outras tangas neo-progressistas do género.

Com o Facebook, os hyperlinks não servem para ir até outra ilha, escavar por outro tesouro, servem para dar mais uma volta na mesma terra, olhar para as mesmas árvores e falar com os mesmos macacos. E o pior é que os macacos estão sempre à procura de uma oportunidade de nos atirar merda aos olhos.

Foi assim que, movido por mais duas ou três discussões imbecis e com inspiração do meu velho camarada von Geier, que em Julho deste ano, de férias no Algarve, desinstalei o Facebook do meu telefone. Seguiu-se o iPad e durante algumas semanas fui dando uma espreitadela na web, verificando notificações, sempre sem interagir.

Chegado Setembro, fui até ao Facebook e desactivei a minha conta. No dia seguinte, fui jogar Score! Match e o jogo estava a zeros, como se nunca tivesse jogado, mas com uma mensagem “if you’ve played before, click here”. Portanto, eu clickei there e lá joguei alegremente. Uns minutos depis, recebo um mail… “welcome back to Facebook!”.

O jogo usa o Facebook para sincronizar os dados entre devices e o recurso à plataforma de autenticação é o suficiente para re-activar a conta. Aí percebi definitivamente que o Facebook é como o cancro. Surge como um tumor primário e espalha-se, silenciosamente, a várias partes da nossa vida digital, até ser quase impossível livrarmo-nos dele.

Apagar o Facebook

Suspender não chega. E, felizmente, ao contrário do cancro que nos consumirá a todos, é fácil de remover completamente, basta apagar a conta.

Estarei a ser dramático? Não creio. O Facebook não é um serviço para os utilizadores. Pelo contrário, são os utilizadores do Facebook que lhe prestam um serviço, gratuito ainda por cima. Damos-lhe informação em quantidades historicamente sem precedente, para que a venda com uma confortável margem de lucro, a quem a pretender usar, sejam anunciantes agora, governos mais tarde, a bem ou a mal, organizações diversas com sabe-se lá que intenções. Mas volto um pouco atrás, apesar de achar que tudo isto é sério e tudo isto merece um olhar muito mais profundo do que aqui me proponho: o Facebook fez de mim uma pessoa pior e portanto, para mim, acabou. A conta continuará suspensa até ao fim do ano, enquanto ainda vou usando o Messenger e tentando arranjar alternativas, depois, delete Facebook.

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Exemplo prático de como a utilização não autorizada promove a obra original (para velhos do Restelo e outros humanos desnecessários)

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Eu sei que deve ser muito difícil, lá no Parlamento Europeu, perceber este exemplo prático de como a utilização não autorizada promove a obra original (para velhos do Restelo e outros humanos desnecessários); mas eu vou tentar ser breve e simplificar a mensagem, para que Marinho e Pinto e seus compadres consigam entender:

O meu filho de 11 anos nunca tinha ouvido os Yes. Eu e ele sentamo-nos frequentemente a ver vídeos de memes, no YouTube. Um desses memes chama-se “to be continued” e usa os primeiros compassos de uma música dos Yes, chamada “Roundabout”.

Graças a esse meme, o Tiago agora conhece os Yes e eu tenho voltado a ouvir mais Yes nos últimos dois meses do que nos últimos dez anos, usando um serviço pago de streaming de música, que compensa os artistas pelo seu trabalho.

Sem o meme de 20 segundos, que terá que ser censurado pelas novas directivas de “protecção de copyright” da UE, não só pela música dos Yes, mas também pelas próprias imagens, o “Roundabout” talvez tivesse ficado longe das novas gerações e esquecido por mais uns anos, pelas antigas.

É fácil de perceber? Ou haverá demasiado dinheiro de grupos de interesse a criar algum ruído na mensagem?

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Rival Sons

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Não é todos os dias que se descobre música que não se conhecia e que se começa a gostar da primeira audição. Confesso que faço por isso. Estou constantemente na tab ‘for you’ do Apple Music que, diga-se, tem vindo a melhorar com o tempo. Vou ouvindo o que me sugerem e o skip é […]

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Heróis Inúteis

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Há umas semanas, enquanto faço companhia ao meu filho antes de adormecer, comecei a sentar-me com o iPad e a desenhar uns bonecos que apelidei de Heróis Inúteis. A coisa tem-se tornado viciante e já fiz vinte diferentes. São heróis do dia a dia que populam as ruas portuguesas e que, no fundo, não praticam […]

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Elephants on Acid

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Nos últimos dias do Verão de 2018 caiu-me esta coisa no colo, inesperadamente. Não que eu seja um grande especialista em Cypress Hill, mas Elephants on Acid saiu oito anos depois do último álbum da banda de hip-hop californiano (será a banda que é californiana, ou o hip-hop?) Embora sempre tenha mantido um olho na […]

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Delete Facebook

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Pond e as Redes Sociais Em 2009, eu e o Gustavo Carvalho inventámos um sistema de gestão de redes sociais chamado Pond. Trabalhávamos ambos no SAPO, que ainda era a referência em tecnologia e, especialmente, Internet, em Portugal. Na altura formámos uma equipa e nesse ano passámos do papel ao lançamento, em multiplas plataformas, com […]

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Exemplo prático de como a utilização não autorizada promove a obra original (para velhos do Restelo e outros humanos desnecessários)

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Eu sei que deve ser muito difícil, lá no Parlamento Europeu, perceber este exemplo prático de como a utilização não autorizada promove a obra original (para velhos do Restelo e outros humanos desnecessários); mas eu vou tentar ser breve e simplificar a mensagem, para que Marinho e Pinto e seus compadres consigam entender: O meu […]

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