Música ao Vivo 2023

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Que este blog já não é propriamente um poço de actividade, não é novidade para ninguém. Mas já que me recuso a desistir e até porque tenho uma leitora à espera deste post em particular, aqui fica a minha revista de 2023, em concertos.

Quando começo a olhar para trás e a listar as bandas que vi ao vivo, até me custa a crer que algumas já foram este ano, o que é um testamento da minha noção de tempo, mas também da quantidade de música que consumi.

Janeiro e Fevereiro foram parados, portanto a época arrancou a 8 de Março, com os Waterboys, no Coliseu. Foi um bom concerto, com muitos dos êxitos, mas deixou-me um sabor um pouco amargo na boca, quando tocaram a minha música preferida, uma música, aliás, que sinto que é, basicamente, a minha vida “This is the Sea”; optaram por uma versão que matou completamente a música, para mim.

Mas pronto, ainda foi um bom concerto, para iniciar as hostilidades musicais de 2023.

Depois do arranque, Março trouxe mais três-concertos-três, num total, portanto, de quatro. Matemática é o meu forte.

No dia 17, fui até ao Pavilhão Atlântico ver o Roger Waters mandar a sala abaixo, do alto dos seus 79 anos. O concerto foi enorme, com projecções provocadoras e música de todas as épocas dos Pink Floyd à carreira a solo do Waters, incluíndo o Sheep, do álbum “Animals”, que muita gente ignora.

Roger Waters

Logo no dia a seguir, para não perder o ritmo (no pun intended), foi a vez do Devin Townsend, no estupendo Capitólio, no Parque Mayer. Na primeira parte tocaram os Klone e os Fixation, que não deixaram memória e depois o Devin partiu a loiça toda, com uma banda à altura.

Devin Townsend

Fechei Março, uma semana depois, no CCB, a ver pela terceira vez, o Senhor Steve Vai. Tocou todas, tocou bem, tocou no meio do público e tocou, já com menos show off, mas sempre com a mesma qualidade.

Steve Vai

Abril passou-se sem acontecimentos e depois Maio trouxe-me a Ana Lua Caiano, uma jovem artista portuguesa que mistura música tradicional com electrónica num show solitário, de encher a sala. Recomendo vivamente que oiçam, pelo menos, uma música da Ana. O concerto foi na Zé dos Bois, onde aproveitei para ver a exposição, podre de bêbado, tendo-me apaixonado por uma pintura que me pareceu conter todo o sentido da vida.

Ana Lua Caiano

Em Junho, dia 23, fui ver um dos meus guitarristas preferidos, com o seu trio, The Aristocrats. Estou a falar, claro, do inglês Guthrie Govan. O concerto foi no Lisboa ao Vivo, uma sala incontornável da capital e não desiludiu, com guitarra do Govan, baixo do Bryan Beller e bateria do Marco Minnemann, qual dos três mais virtuoso no seu respectivo instrumento.

The Aristocrats

Dia 20 de Julho, quase um mês mais tarde, fui até ao Cascais Jazz onde comecei por ver o guitarrista português Filho da Mãe, actual sozinho em palco, com uma guitarra acústica, com alguns riffs a fazer-me lembrar a abertura do Amarok, do Mike Oldfield, que deduzo seja uma associação que só eu faço.

Filho da Mãe

Seguiu-se a atracção principal, os gigantescos Snarky Puppy, com o Larnell Lewis na bateria, para não ficar nada na retranca. Foi um concerto do caraças, com música óptima e execução nível 9000, super sayan, como não poderia deixar de ser.

Em Setembro, comecei a entrar na recta final, com já para lá de metade dos concertos do ano debaixo do braço, fui ver um espectacular tributo aos Dead Combo (onde o Tó Trips tocou apenas uma música, por trás do pano). Foi uma noite de excelente música por excelentes músicos, no São Luiz.

Tributo aos Dead Combo

No dia 6 de Outubro, ainda inebriado das celebrações da República, regressei ao Capitólio. A noite abriu com o duo escocês Bratakus, mas quem rebentou com a sala foram os suecos The Hives. Mais uma vez, tocaram todas, deram espectáculo e foi um gozo vê-los tantos anos depois de ter ouvido o AKA Idiot pela primeira vez.

The Hives (e dois ninjas)

No mês seguinte, logo no dia 1, mais um salto ao CCB para ver o Tó Trips escangalhar-se todo com as suas guitarras em mais uma boa dose de música à lá Dead Combo sem, infelizmente pelas piores razões, ser Dead Combo.

Nessa mesma noite, subiram ao palco o Rodrigo e a sua filha Rosa Leão. Confesso que foi uma actuação que me deixou sem grande emoção. Achei as músicas todas pouco inspiradas, embora tenha sido um bom momento entre pai e filha, cada um no seu piano, mas houve qualquer coisa ali na composição, que não me agarrou. Também não ajudou muito haver muitos instrumentos pré-gravados, a serem disparados de um laptop, quando, por exemplo, o contrabaixista da gravação, estava nos bastidores, porque tinha acabado de tocar com o Tó Trips.

Mas adiante.

Dia 10 fui até ao RCA Club, uma sala não muito diferente do LAV, embora — creio — mais pequena. O palco ideal para metal e, desta feita, português. Começámos com os Murro, que me fizeram lembrar um pouco o registo de Mão Morta, que não é muito a minha cena. Depois, os Wells Valley, que, sinceramente, já não me lembro bem.

Sem desprimor para nenhuma das duas bandas iniciais, que eram impecáveis, apenas não me caíram no goto, até porque eu estava ali para ver a terceira banda, os reis da jarda, Process of Guilt. Apanhei-os a há uns anos, a fazer a primeira parte dos Baroness, no antigo LAV, voltei a vê-los, a solo, no fim do ano passado, no MusicBox e lá estive, a marcar presença mais uma vez, para algum do metal mais pesado das nossas Costas.

Process of Guilt

21 de Novembro viu o fechar das hostilidades, ao contrário do ano passado, em que ainda fui ver Indignu, no dia 30 de Dezembro. A menos, claro, que ainda apareça aí um concerto daqueles em que salto logo em cima dos bilhetes.

Dia 21 foi, então, uma apoteose electrónica e musical, pelas mãos do Nils Frahm. O músico alemão actuou sozinho em palco, entre uma harpa de vidro, um Rhodes, mini Moog e um Mellotron, entre muitos outros brinquedos sensacionais. A música foi toda tocada ao vivo e de forma absolutamente irrepreensível, tendo trazido momentos de verdadeira emoção à audiência, justificando, mais uma vez, para mim, que música é tudo.

Nils Frahm

Foram, portanto, 12 espectáculos de música ao vivo tal como no ano passadio, num total de 19 artistas/bandas… espantosamente, também o mesmo número que no ano passado. Veremos o que 2024 me reserva, mais 12 concertos e 19 bandas, já era bom. Até para o ano!

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