Mudanças

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Depois de alguns avanços e recuos, dúvidas e incertezas e de viver duas semanas com a casa completamente de pantanas, mudámo-nos.

Foi no dia 9 de Outubro. A transportadora Cá Vai Sintra apareceu por volta das 9 da manhã com seis homens e duas carrinhas Toyota onde iria caber quase tudo o que temos.

Mas só quase.

A mudança foi tudo o que as pessoas que dizem que fazer mudanças é complicado dizem. Na minha vida, já fiz muitas mudanças, primeiro com os meus pais, entre o Algueirão, Moimenta da Beira, Mourão, Almada. Para não falar em Queluz, Benfica, coisas que era demasiado pequeno para sequer me lembrar.

É claro que essas mudanças acabam por ser mais uma diversão para os miúdos (ou uma seca), e o stress fica todo para os pais.

Depois mudei-me de casa dos meus pais, aos 24, da primeira para a segunda casa, aos 29 e agora, aos 37, para a terceira casa com um enorme desejo de que seja a última.

Não bastando que se tenha, a dada altura, tornado impossível empacotar mais porque deixou de haver espaço para empilhar caixas, fazendo com que no próprio dia da mudança tenhamos que ter estado a encaixotar o resto à medida que os homens levavam o que já estava, ainda surgiu o momento Zen do dia.

A minha já lendária vizinha de baixo que praticamente desde o primeiro dia que para ali fomos viver se alapou a nós com problemas, não quis deixar em branco a oportunidade de, no último dia em que ali vivemos, nos ir azucrinar o juízo.

Fui dar com ela na escada, o habitual ar sofredor: “desculpe lá vir incomodar, mas… e como fica a minha varanda?”.

Passei-me.

Não podia senão passar-me. Ao fim de sete anos e meio em que tudo o que se passava era culpa nossa. Em que chegou a vir acordar-nos enquanto descansávamos num fim de semana porque ouviu um barulho (certamente do prédio ao lado), em que me disse uma vez que o som da minha aparelhagem lhe estava a fundir as lâmpadas do candeeiro da sala que “ainda por cima são daquelas económicas que são caras”, que, quando houve, de facto, uma infiltração por ruptura da coluna no nosso wc, resolveu renovar a casa de banho inteira e depois queria que eu lha pagasse… passei-me.

Não a insultei. Mas gritei com ela. Gritei muito para além daquilo que me é dado gritar quando me chateio; ousaria mesmo dizer, que nunca tinha gritado tanto com ninguém na minha vida. Eu sou um tipo pacífico…

Bom, mas adiante. As primeiras seis horas foram para encher as carrinhas. Para trás, ainda ficou muita tralha e os gatos.

No entretanto, a minha irmã deu uma preciosíssima ajuda, levando o Tiago com ela durante a maior parte do dia, mesmo na altura em que ele começava a ficar farto daquela confusão toda.

Às três e meia atracámos na nossa nova morada e começou a descarga. Durante o processo, comecei a fazer viagens até à – agora – antiga casa, para ir buscar várias das coisas que tiveram que ficar para trás, nomeadamente os gatos.

Na primeira viagem veio a velha guarda: a Michelle, a Scully e o Jones, que já viviam connosco na Eduardo Tavares (a Michelle, aliás, já tinha vindo comigo de casa dos meus pais). A segunda leva foi só no Domingo de manhã e apenas apanhei a Nikita. Só no Domingo ao fim do dia é que conseguimos apanhar a Buffy e o House.

Voltámos para casa para dar com a minha sogra sem saber bem o que fazer entre a Joana que berrava e o Tiago que chorava. O stress estava provavelmente no seu pico nesse momento e a semana estava prestes a começar.

Não aconselho mudanças a ninguém. Mudar de casa para uma casa vazia onde se vai comprar tudo novo, deve ser melhor. Mudanças em que tem que se levar tudo de uma casa para a outra, é um martírio e quanto mais coisas se tiver, pior será.

Fazer tudo isto com dois filhos pequenos, só mesmo com ajuda, como a que nós tivemos da minha irmã – e no Domingo com a presença dos meus sogros que deram uma mão com um bocadinho de tudo.

Dito isto, posso recomendar a transportadora Cá Vai Sintra, sem hesitar. Levaram 60 euros por hora, mas mandaram seis homens e duas carrinhas – as empresas que levam 25 a 30 euros por hora mandavam 2 ou, quanto muito 3 homens e apenas uma carrinha.

Os homens foram impecáveis, tiveram imenso cuidado com tudo, tanto o mobiliário e caixas, como as paredes e portas nas casas. Embora não estivesse combinado, ainda deram uma mão com os últimos encaixotamentos. E durante todo o processo que levou 11 ou 12 horas, não os vi resmungar, queixarem-se ou sequer fazerem um comentário que fosse. Talvez o tenham feito, mas nunca à nossa frente. Foram cordiais, incansáveis e ainda houve um ou dois que se preocuparam com os gatos.

É claro que também tenho que agradecer aos meus avós que não só recomendaram a transportadora (juntamente com algumas pessoas na net), como no fim ainda fizeram questão de nos oferecer a mudança.

É, aliás, muito graças à nossa família que estamos aqui, agora.

E agora, aqui, vamos começar tudo de novo.

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12 comentários a “Mudanças”

  1. Nelito Carrapito says:

    Nice!

  2. Pedro Melo says:

    Desculpa mas só reparei agora. São 6 gatos no total?

    Estava a pensar quantos eram lá em minha casa. Acho que o pico foram 7, mas foi com filhotes. Os clássicos eram o Micha (um siamês que arranjamos na altura dos Jogos Olimpicos de Moscovo), a Tigreza (uma street cat fabulosa, foi a “minha” gata, e viveu 23 anos), o Rossim (street cat amarelo, filho da Tigreza e do Micha), e a Mundele (uma gata branca; Mundele é “branco” em Zairense; isto foi na altura em que a minha mãe foi pela RTP para o Zaire um mês, em pleno reino Mobutu, fazer um programa para o Grande Reportagem). A estes 4 somavam-se 3 filhotes da Tigreza (7 ninhadas no total) ou da Mundele.

    Enfins, gatos, tottally rocks!

  3. Moika says:

    Boa! :D

    Tudo de bom para a casinha nova! :)

  4. Dextro says:

    Congrats em finalmente terem sobrevido ao martirio de mudar de casa. Que agora consigam eventualmente relaxar um bocado :)

  5. filipa says:

    bom dia

    desculpe a pergunta mas como estou interessada em contratar essa empresa tenho mesmo que fazer a pergunta. Mudou se de onde pra onde e em quanto ficou isso tudo?

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