Metro em Almada

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Há muitos anos atrás, na verdade há 25 anos atrás, os meus pais tiveram que deixar a vivenda alugada no Algueirão e sem conhecer o deserto, aventuraram-se para Sul.

Foi quando viemos viver para Almada, tinha eu 9 anos e estava a meio da quarta classe. Fomos viver para um primeiro andar na Bernardo Francisco da Costa e uns anos depois, não me lembro exactamente quantos, mudámo-nos para a primeira – e ainda única – casa que os meus pais compraram, na Avenida 25 de Abril.

Lá mais para o fim dos meus 15 anos, comecei a namorar com uma miúda que morava… na Avenida 25 de Abril, uns prédios mais acima, num terceiro andar.

E foi na Avenida 25 de Abril que vivi até aos 24 anos, altura em que me casei com essa miúda e me mudei para a Rua Eduardo Tavares, na Cova da Piedade. Foi uma burrice típica da juventude: uma casa pequenina, mal tratada e num último andar – húmida como o caraças no Inverno e quente como o inferno no Verão.

Cinco anos depois (era preciso espremer o bonificado até ao fim), voltámos para a Avenida 25 de Abril. Entretanto a minha irmã saiu de casa dos meus pais também e foi viver para… a Avenida 25 de Abril.

Ficámos então assim distribuídos: os meus pais, no quarteirão seguinte, nós, no quarteirão seguinte a minha irmã e lá mais acima, os meus sogros.

Passaram-se uns tempos e os meus avós, que viviam em Queluz com vista para a linha do combóio, tomaram a decisão de se juntarem a nós, do lado certo. E onde encontraram eles casa? Ora… na Avenida 25 de Abril, pois claro. E ainda por cima, num oitavo andar, mesmo no prédio dos meus sogros.

Portanto os meus pais, num sexto andar, os meus sogros, no terceiro, eu, a minha irmã e os nossos avós, todos em oitavos andares.

Mas o que tem isto a ver com o metro?

Bom, é que, quando vim morar para esta avenida, isto não tinha nada este aspecto. Embora já estivessem construídos os mastodontes “Baia”, com 18 andares, ou lá o que é, as famosas pracetas da avenida mais não eram que terra.

E nem digo terra batida, porque aquilo era mais um lamaçal endurecido que outra coisa.

Nessa altura, costumava ir andar de bicicleta com o Pedro, que era meu amigo desde que eu vivia na Bernardo Francisco da Costa, mas que vivia na Avenida – e o irmão dele, o Sérgio, claro – para as pracetas, para o espaço baldio onde agora está um prédio e um silo de garagens onde estaciono o Mercedes e para os parques de estacionamento em frente aos bares de meninas.

Ah… e para os baldios e armazéns onde agora é o quartel de bombeiros de Cacilhas.

Entretanto, a zona foi mudando. Construiu-se o tal prédio e o quartel de bombeiros e a Câmara mandou arranjar as pracetas com murinhos e calcetamento e até um jardinzinho.

E apesar de já terem passado uma montanha de anos, a cidade está novamente a mudar. A avenida está de novo a mudar.  Em Janeiro chegaram as máquinas e ainda cá estão. Revolveram tudo, arrasaram a estrada e os passeios e começam lentamente a desenhar-se novos percursos, quer para os carros, quer para os peões e em breve, para o combóio.

Passámos então de andar de bicicleta na lama, para andar de carro em pracetas arranjadinhas, para andar de combóio pelo centro da cidade.

Apesar dos prédios serem sempre os mesmos e serem feiosos como habitualmente os prédios são, a cidade vai evoluindo à sua volta… which is nice.

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7 comentários a “Metro em Almada”

  1. Joe says:

    Não sei como será o metro da Margem Sul, mas se for como o Metro do Porto a cidade só tem a ganhar, as obras são chatas e inconvenientes, mas o resultado final é uma grande alternativa aos automóveis, fácil, barata e sempre a tempo e horas, se o Metro fizer ligação com Lx ainda melhor. Não conheço muito bem o Barreiro, mas o que conheci (zona da estação e ligação com o ferry) não gostei, parecia algo decadente e abandonado, mas isso era nos tempos em andava na UAlg, de 97 até 99.

  2. Macaco says:

    Eu estou a gostar de ver as obras progredir, embora sejam de facto muito incómodas… sinto-me um bocado como se estivesse no Simcity :-)

    Acho que só estive no Barreiro de passagem, para apanhar comboios para Évora e era miúdo, não me lembro.

    Mas acho que o Barreiro tem pouco a ver com Almada.

  3. Joe says:

    Pois, confundi as duas terras. De Almada só conheço a zona junto ao Cristo Rei e foi porque eu e mais a minha turma fomos numa visita à Torre do Tombo e ficámos numa noite da pousada da Juventude de Almada, aquilo não era nada de especial mas a vista era bastante boa.

  4. Dave says:

    Já reparaste no pormenor de acabamento das tampas de esgoto, no único troço já alcatroado? Aquilo vai ser lindo para rebentar com pneus e jantes…
    O mais engraçado é que quando puseram o alcatrão, ficaram com crateras onde ficariam essas tampas, depois fizeram um montinho de cimento para subi-las e o resultado está à vista.
    E ainda a procissão vai no adro…
    :P

  5. Macaco says:

    Pois, já tinha notado a “evolução” das tampas de esgoto, mas estava a dar-lhes o benefício da dúvida, talvez tenham um plano… not! :-P

  6. Miguel says:

    E incrivel o que se encontra quando pesquisamos a net.

    Eu tambem ia andar de bicicleta para ao pe da Lemauto, e ajudei a construir o campo da bola nas traseiras dos correios.

    Sempre adormeci com o barulho da Lisnave,e cheguei a pertencer aos bombeiros de cacilhas.

    Tenho saudades da porcaria do cafe repuxo, que antigamente tinha uns bolos a maneira. Agora e um cafe todo maricas.

    desde ha alguns anos que estou em Inglaterra, mas quando vejo no que cacilhas se tornou, um mero parque de estacionamento,apetece-me vomitar.

  7. Macaco says:

    Pode ser que tudo isso mude com o metro e a construção de uma nova cidade, onde era a Lisnave.

    Não sei… sou céptico por natureza, mas confesso que estou a gostar das renovações trazidas pela linha de metro.

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