Black and blue and broken bones, you left me here, I’m all alone

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Esta semana começou com um momento de puro pânico, quando bebia o segundo café matinal e atendi o telefone. Era a Dee, com uma voz preocupada que me deu um gelo no estômago, que esfriou o café. Mas nada se passava com o bebé… foi apenas um segundo longo e extenuante.

O que se passava é que um gato preto estava esparramado no meio da avenida, uma pata para cada lado, miando a quem passava. E ela não sabia o que fazer. Sendo quem somos não conseguimos virar as costas a isto… é mais forte que nós. Tanto eu como ela temos um amor por estes animais que não conseguimos explicar.

Desde puto que tenho gatos e em casa dos meus pais havia sempre um gato ou dois… ou cinco e foi assim durante muitos anos: o Nuno, o Carlos Lopes, o Gin Tonic, a Panqueca, a Mascarilha, o Spock, a Pantufa e a Michelle. De todos, sobrevive a Michelle que vive connosco e com a Scully, a Buffy, o Jones e a Nikita. Por cá também já passaram a Branca, a Amarela, a Ripley, a Coffee, a Cream e a Ginger. São dezoito gatos que consigo lembrar-me assim de repente, sem puxar muito pela cabeça.

Muitos já morreram, infelizmente alguns tinham apenas dias de vida e outros não resistiram a doenças. Mas enquanto pudémos, fizemos tudo o que sabiamos pelos nossos gatos. Há alguma coisa nestes animais que nos fascina, desde sempre.

E foi mesmo por isso que não hesitei em dizer à Dee que levasse o gato ao veterinário. Mesmo que não houvesse nada a fazer por ele, não me passaria pela cabeça sugerir que o deixasse para trás.

Depois de uma transferência para o hospital veterinário, radiografias e exames diversos, concluiu-se que o bicho tinha a bacia partida. A parte de trás do ilíaco está separada da parte da frente, logo depois das patas traseiras. Como o osso está solto onde se insere a musculatura das patas de trás, o gato não consegue pôr-se de pé e não anda muito bem.

Passou quatro dias no hospital, a soro e medicado e depois veio para casa connosco. Comprámos-lhe uma transportadora grande, para cães, onde vai passar as próximas semanas, na esperança de que a fractura cure e ele volte a andar normalmente.

Entretanto, porém, começou a urinar sangue, mas como todos os exames indicam que não tenha sofrido danos nos órgãos, é possível que se trate de uma infecção urinária, causada por um coágulo na uretra. É possível que tenha feito uma hemorragia na altura em que se feriu, o sangue coagulou e entupiu-lhe a uretra, depois a urina acumulou-se na bexiga e lá foram as bactérias alegremente fazer o seu trabalho.

O coágulo já saiu e ele já está a antibiótico. Nas mãos capazes da sua tratadora, este bicho tem todas as hipóteses de se safar. Em melhor cuidado não podia estar e fico orgulhoso de ver a minha mulher meter as mãos ao trabalho e fazer tudo o que pode para ajudar este ser vivo que caso contrário estaria provavelmente morto num canto.

O gato foi testado para as doenças mais graves dos gatos, imunodeficiências que não lhe dariam muitas hipóteses, mas estava tudo negativo e, como todo o cuidado é pouco, estamos também à espera do resultado da análise da toxoplasmose.

É um gato lindo. Um macho adulto, completamente preto, de olhos verdes e que ronrona quando se lhe coça atrás da orelha. Alguém o magoou, provavelmente atropelaram-no e deixaram-no para trás, como um pedaço de lixo, com os ossos partidos, sem conseguir andar… mas teve sorte, cruzou-se com alguém que gosta mesmo de gatos.

…and then there were six.

Tags

Deixar comentário. Permalink.

4 comentários a “Black and blue and broken bones, you left me here, I’m all alone”

  1. melusine says:

    Como eu te compreendo…
    Ainda em Junho, e assim de repente fomos apanhados de surpresa por 10 bichanos de 3 ninhadas diferentes abandonados num caixote de cartão, ao sul abrasador, para morrerem.
    Entre os doentes, os oferecidos e os que não resistiram, acabámos por ficar com 2 gatas que ninguém quis, porque tinham problemas. E estamos muito contentes por elas terem ficado connosco!!

  2. Sandra says:

    Desculpa a ignorância (e não estou a ser irónica), mas não é problemático contactar com gatos quando se está grávida? Sempre me foi transmitida essa ideia, provavelmente errada..

  3. Macaco says:

    Não é problemático contactar com gatos quando se está grávida, caso contrário, as veterinárias nunca poderiam engravidar. Há uma doença que se pode apanhar por contacto directo com fezes de gato que é a toxoplasmose, que parece uma gripe comum, mas que pode causar danos neurológicos no feto.

    No entanto, a toxoplasmose é muito difícil de apanhar de um gato. E de qualquer maneira, o nosso gato fez análises e não tem toxoplasmose.

  4. batixa says:

    espero que ele melhore depressa!
    compreendo o vosso sentimento por gatos… tenho 3!

Deixar um comentário

Redes de Camaradas

 
Facebook
Twitter
Instagram