Steve Vai ao vivo na Aula Magna

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Ontem tivemos duas reuniões, hoje mais duas. Umas mais interessantes que outras, como de costume, mas no geral, todas importantes.

Mas que se lixe tudo isso… hoje fui com o Nelson ver o Steve Vai em concerto na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa. Caiu-me o queixo (aliás, ao Nelson também)… este tipo não sabe tocar guitarra… não… ele parece simplesmente que inventou a porcaria do instrumento!

Como sabem (ou não), o sustain é daquelas “habilidades” aparatosas que os bons guitarristas gostam de fazer. É que quando se toca uma nota numa guitarra, normalmente o som desaparece passados uns segundos. O Santana era conhecido pelo longo sustain (agora é conhecido por ser um bocado foleirão e ganhar prémios por isso)… porém, vejam o que fez o senhor Vai: tocou uma nota, claro, é aí que começa.

A partir daqui esqueçam a mão direita, porque ele não volta a tocar nas cordas com a mão, com a palheta ou com seja o que for. Mas a nota não pára. Não pára mesmo. Então ele passa a guitarra por trás das costas e a nota não para. Então ele tira a guitarra do ombro e segura-a à frente, virada para nós mas a nota não para de soar, sempre clara e límpida. Depois ele resolve pousar a guitarra no chão… a nota treme um bocado, claro, mas não pára… o facto de tremer, aliás, só nos indica que a guitarra está MESMO a produzir o som, não há truques, não é um pedal, não é uma gravação. E não pára… ele resolve trocar de mão e fica, dobrado para a frente com o indicador da mão direita a pressionar a corda que ainda não parou de soar.

Como não bastava, o senhor resolveu de seguida que, sem parar a nota, nem voltar a tocar a corda, queria carregar na corda com o pé, portanto trocou a mão pelo pé, pela ponta de uma bota, tipo cowboy… e a nota não parou todo este tempo.

Continuava a nota a tocar, com a ponta da bota a carregar na corda… para “facilitar”, ele resolveu por-se a tirar o casaco longo que tinha vestido… Foi com o casaco que tocou o último acorde.

Fica-se parvo a olhar para isto. Se calhar para quem não grama guitarradas ou guitarristas ou sequer guitarras nada disto faz sentido, mas muito sinceramente, acho que este foi o melhor concerto que já vi.

A certa altura o baterista ficou sozinho em palco para um solo… e pronto, claro… não havia músico na banda que não fosse de longe acima da média, por isso o solo foi simplesmente fabuloso. O homem às tantas já tocava de braços cruzados.

A certa altura começou a fazer um roll na tarola, mas só com uma mão.. trrrrrrrrr… e como se não bastasse, baixou-se por trás da bateria e voltou com uma garrafa de água, bebeu um bocado, molhou-se e tal, tudo, claro, sem parar o roll… que cromos.

Como se tudo isto não bastasse, o concerto demorou quase três horas e teve tudo, temas novos, temas antigos, solos, eléctricas, acústicas, solos de bateria, solos de baixo, solos de teclas, duelo de guitarra (com o convidado Eric Sardinas que tocava em estilo blues com slide) e até partes mais maradas com tudo às escuras e guitarras luminosas ou uma longa conversa com o público em que o Steve Vai gozou com o Ricky Martin à força toda, quando disse que as (pouquíssimas) raparigas que ali estavam tinham sido arrastadas pelos namorados e preferiam ter ido ver o dito :) Até parece que era verdade pelo menos para uma delas que se levantou e aplaudiu com grande estrilho o nome do foleirão sul americano.

Pronto… podia ficar para aqui a descrever infinitamente a parte em que o Vai e o Sardinas tocaram a guitarra um do outro, pelas costas, ou o segundo guitarrista e os bailes que deu a tocar guitarra com uma mão e teclas com a outra, os solos intermináveis tocados a uma velocidade e precisão alucinantes, mas não… ficou por aqui… não foram ver? Paciência.

Tags

Deixar comentário. Permalink.

Deixar um comentário

Redes de Camaradas

 
Facebook
Twitter
Instagram