Não é fácil criar um dicionário do que diz a Joana, acima de tudo porque a Joana se faz entender perfeitamente com palavras, gestos e mesmo frases completas, por exemplo, se quer uma batata, “pai, batata, Joana” serve perfeitamente.
Mas como o Tiago foi muito calado durante muito tempo e depois desatou a falar com tempos verbais correctos e sinónimos para evitar a repetição de termos, estamos a passar por uma coisa nova com a Joana, graças ao seu desenvolvimento verbal bem mais precoce que o do irmão.
Assim, apesar da sua dicção quase irrepreensível aos dois anos, a Joana ainda tem alguns termos giros que vale a pena registar.
À televisão, chama gijão, por exemplo. E é incapaz de alinhar as sílabas da palavra “tampa”, dizendo sempre “panta”.
Sumo é sumo, mas ainda há uma certa confusão entre o puré de fruta e o iogurte, sendo ambos atuta. Hoje já a apanhei a tentar formar melhor a palavra iogurte, mas água continua a ser auáua, continuando a tendência da fruta para colocar o artigo “a” junto com a palavra.
O seu coelhinho de chuchar que há uns meses era tati, evoluiu entretanto para yaí que frequentemente fica “sudo” e precisa de ir para lavar (felizmente, há seis iguais, para irem para o cesto da roupa diariamente, já que o peluche chuchado liberta um odor nauseabundo).
O seu próprio nome, até há muito pouco tempo “Nana”, de tal forma que os pais alinda a tratam assim de vez em quando, evoluiu há umas semanas para Joana, embora, de vez em quando, ainda saia mais Chúana.
Mas nada bate a Joana, de vestidinho acabado de por, a gritar “paieeeeeé!” e a vir ter comigo, por um pezinho em ponta, segurar na roda do vestido e dizer, “pai, chúana, mnita!” com o maior sorriso do mundo.
A jantar, a Joana escondeu as mãos debaixo da mesa e começa com o jogo:
“Onde tá a mão? Cá cá!” (“cá cá” é, basicamente, “não está cá”).
Depois exibe uma das mãos e grita entusiasmada: “cá’qui!”
Eu faço uma grande festa, mas ela torce-me o nariz e diz-me: “não pai! Falá mãe!”
Estou a falar com a mãe, velhote mantém-te fora disto que a brincadeira não é contigo.
A minha filha é muito assertiva e desde que a mãe ralhou com ela e ela respondeu de ar muito aborrecido: “não mãe! Não se faz! Ai, ai, ai mãe!”, já pouco nos espanta.
A Joana tem dois anos e é um bebé-modelo. Uma menina, da cabeça aos pés. Apaixonada pela Hello Kitty e a Minnie Mouse, sempre com o seu bebé debaixo do braço, a quem dá beijinhos.
Já escolhe a sua roupa, vestidos e calções e tem uma predilecção por sapatos desde muito pequena. Fala pelos cotovelos e não resiste a música sem começar imediatamente a abanar a anca.
É generosa com abraços, beijos e sorrisos e adora os pais, os avós e os tios, mas de quem ela mais gosta é sem dúvida do irmão.
É teimosa e reivindicativa e não tem hesitações no que toca a fazer-se ouvir, mas também já diz obrigado… Só lhe falta aprender a pedir desculpa pelos pontapés e arranhadelas que vai dando à família, porque está mesmo naquela idade de fazer uma maldadezinha de vez em quando, só para ver o que acontece.
Porta-se lindamente na escola, onde adora estar, não se porta particularmente bem a comer, mas já vai fazendo ligeiramente menos porcaria às refeições e dorme muito bem na sua caminha todas as noites.
Já faz uns xixis no bacio, com grande orgulho e já está a começar a vir para casa a pé da escola, preparando-se para reformar de vez o velho Quinny que já foi do Tiago.
Não podia ter pedido uma menina mais menina, um bebé mais divertido, uma filha mais doce, do que a minha ‘Nana. Sou um filho da mãe cheio de sorte!
Hoje ao fim da tarde, a cozinhar como é habitual, entra-me a Joana na cozinha, de passo apressado: “pai! Abraço!”.
Ajoelhei-me no chão, ela atirou-me os braços ao pescoço e encostou-me a cabeça ao ombro durante uns segundos. E depois fez-me um enorme sorriso e voltou para a sala para ver Tom & Jerry com o irmão.
Não tenho escrito muito, porque não tenho muito tempo para escrever. Mas à medida que o blog caminha a passos largos para o seu décimo terceiro aniversário, não tenho qualquer intenção de parar.
Até porque há muito para deixar escrito, sobretudo coisas que quero que os meus filhos possam ler quando quiserem – se quiserem.
E assim, fica um resumo do status quo, as it were.
O Tiago está a menos de uma semana de completar cinco anos. Está a caminho do metro e vinte de altura e possui uma energia praticamente inesgotável. Foi graças a ela que, na sexta-feira passada, abriu o sobrolho direito na bancada de granito da nossa cozinha.
Ainda tem um penso, mas prevê-se que fique com uma cicatriz. Nesse fim de semana também o vi jogar futebol pela primeira vez, já que, nos últimos quase cinco anos, demonstrou pouco ou nenhum interesse por bolas. Prefere, ainda assim, Lego, o seu brinquedo de eleição dos últimos meses.
Os avós começaram a comprar-lhe Lego e o entusiasmo dele foi tal que praticamente todas as prendas de aniversário que temos para ele são Lego. Acima de tudo, gosta de brinquedos que possa montar e desmontar e é grande adepto de seguir instruções para obter um resultado.
Tem um discurso complexo e cheio de “portantos” e “directamentes” e “imediatamentes”.
Para minha angústia, anda preocupado com a morte. Pergunta-me se todos ficamos velhos e se depois, todos morremos. Desata a chorar, com lágrimas a correr-lhe pela cara abaixo, “pai, eu não gosto nada de morrer”. E eu ali a tentar ser o adulto que explica as coisas de forma simples, racional, sem fantasias, mas também sem o assustar. É difícil.
A Joana está a provar dia atrás de dia que se há coisas que se aprendem com um e se aplicam limpinho ao outro, também é possível dar como verdadeiras frases como “o segundo é muito mais fácil” ou “as meninas são completamente diferentes dos rapazes”.
Com um ano e meio raramente não está a sorrir – e quando não está, está a berrar; já fala, muito – muito mais do que o irmão falava nesta idade (que era nada), corre pela casa, sempre a rir, brinca com o irmão, muitas vezes a provocá-lo já que ele fica muito incomodado e a tenta dissuadir com discursos: “Joana, pára de me seguir, se faz favor, estás-me a distrair e eu quero acabar a minha construção!”.
Está extremamente bem integrada na escola e raras são as vezes que fica a chorar, embora ainda aconteça ocasionalmente. Adora a mãe, claro, está na idade, mas é mimosa com toda a gente e faz montes de coisas que o Tiago nunca fez, como dar grandes abraços ou por-se aos beijinhos a fotografias. À noite, se eu já estiver em casa, antes de ir dormir, faz questão de me dar um abraço, dizer “xau” e acenar com a mão. Depois vai dormir.
E dormem ambos muito bem, sem grandes stresses, mesmo quando estão doentes. A Joana ainda acorda ocasionalmente a meio da noite, mas geralmente volta a adormecer sem problemas. O Tiago já começou a acordar de manhã ao fim de semana e se vê que nós ainda estamos a dormir, abre o estore e fica a brincar no quarto até nos levantarmos.
Os meus filhos continuam a crescer e vê-los crescer continua a ser o ponto alto dos meus dias.
É até me estamparem o carro pela primeira vez ou me irem ao armário do whiskey, claro!
Não é fácil criar um dicionário do que diz a Joana, acima de tudo porque a Joana se faz entender perfeitamente com palavras, gestos e mesmo frases completas, por exemplo, se quer uma batata, “pai, batata, Joana” serve perfeitamente. Mas como o Tiago foi muito calado durante muito tempo e depois desatou a falar com […]
A jantar, a Joana escondeu as mãos debaixo da mesa e começa com o jogo: “Onde tá a mão? Cá cá!” (“cá cá” é, basicamente, “não está cá”). Depois exibe uma das mãos e grita entusiasmada: “cá’qui!” Eu faço uma grande festa, mas ela torce-me o nariz e diz-me: “não pai! Falá mãe!” Estou a […]
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Hoje ao fim da tarde, a cozinhar como é habitual, entra-me a Joana na cozinha, de passo apressado: “pai! Abraço!”. Ajoelhei-me no chão, ela atirou-me os braços ao pescoço e encostou-me a cabeça ao ombro durante uns segundos. E depois fez-me um enorme sorriso e voltou para a sala para ver Tom & Jerry com […]
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