Knausgård – Min Kamp 1

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Karl Ove Knausgård

Li recentemente o primeiro volume da série «Min Kamp» («A Minha Luta»), de Karl Ove Knausgård. O livro chama-se simplesmente «Min Kamp 1», embora eu tenha lido a tradução para inglês do original norueguês, que recebeu o subtítulo «A Death In The Family».

Confesso que para uma pessoa que gosta de escrever e adora palavras e frases, ritmo e estilo não sou um grande leitor e certamente não estarei armado com a retórica necessária para fazer uma crítica do livro que faça lhe faça jus ou que seja informada, comparativa e até literariamente contextualizada.

Por isso, opto por dizer que gostei muito do livro, que o li como se conversa com uma pessoa e se vai contando e ouvindo histórias que fluem naturalmente. O livro é autobiográfico, mas a vida do autor não é invulgar, embora para quem cresceu em Portugal seja pelo menos curiosa por passada na Noruega. Algumas situações são mais dramáticas, outras, mundanas; mas a forma como as histórias são contadas e o alicerce emocional que as sustenta são tão humanos que se tornaram parte do meu dia à medida que lia.

No fim do livro, não fiquei a achar que Karl Ove é um homem extraordinário, com uma vida fenomenal, mas que é um homem normal, com pensamentos normais e sentimentos normais e senti um reflexo de mim próprio, nele. Ou talvez vice versa.

Não que encontre na narrativa um espelho de situações por mim vividas, porque na verdade, pouco ou nada terei em comum com Knausgård, a não ser, precisamente, a humanidade, os pensamentos automáticos, as dúvidas, as associações por vezes inesperadas, as emoções que ocasionalmente se revelam independentemente da minha vontade.

Tenho pena de não saber ler norueguês, mas gostei bastante do estilo da versão inglesa, solto, informal e muito directo, sem artefactos e, no fundo, realista. Mas esse realismo não esconde a visão de um escritor, um estudante de literatura e de arte que num momento vulgar, não consegue — porque não pode, nem quer — ignorar a beleza das coisas simples e incontroláveis que o rodeiam.

«Min Kamp» é composto de seis volumes e fiquei com vontade de arrancar para o segundo. Com as minhas desculpas para eventuais banalidades aqui produzidas, aconselho vivamente a leitura deste primeiro volume.

( Imagem: Wikipedia (alterada))

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