O mijão português, espelho do país

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Estamos encalhados neste país. Sabemos, hoje em dia, como é o mundo em que nos integramos. Conhecemos a Europa, a América do Norte, as grandes referências da nossa civilização.

Sabemos também que países como o nosso – pequenas nações antigas Europeias com poucos habitantes – têm o potencial de ser países ricos, muito focados num ou dois sectores de actividade como o turismo ou a alta tecnologia.

Mas todos nós, portugueses, também sabemos que somos um país cujo ideal nunca se cumprirá. Temos um grande impedimento, um obstáculo inultrapassável, chamado “portugueses”.

Espelhos dessa auto-sabotagem, existem inúmeros: a corrupção, o sistema de cunhas, a incompetência, falta de profissionalismo, chico-esperteza… é um rol, quiçá, interminável.

Mas às vezes é nas coisas mais simples que se revela o verdadeiro espírito básico do português médio. E o português mijão é um excelente exemplo.

No edifício onde alugo garagem, há homens que passam as suas tardes. Uns, mecânicos amadores, outros, carpinteiros ou algo do género. Sendo Almada, há também bandas que por ali ensaiam.

Ao que parece, quando a Natureza chama, estes rapazes – estes verdadeiros machos latinos – acham que a melhor opção é mijar a um canto da garagem.

Mijam, como é evidente, num dos corredores da área comum – é claro que não mijam dentro da sua própria garagem! Essa urina vai escorrendo pelo chão desnivelado da garagem até se depositar, precisa e organizadamente, numa poça, à porta da minha garagem.

Todos os dias, quando vou levar o miúdo à escola, tenho que saltar por cima de uma poça de mijo que estes energúmenos produzem sem, aparentemente, qualquer peso na consciência.

E não é um problema muito difícil de resolver: podiam ter um baldinho na garagem que depois despejavam em casa, quem diz balde, diz bidão, para ser fácil de colocar uma tampa; podiam simplesmente sair e ir ao café que fica a 50 metros, beber uma bica e usar o WC.

Mas não, tudo isso é muito complexo e, portanto, mijam no chão.

E enquanto um dos ditados de um país for “onde mija um português, mijam logo dois ou três”, esse país nunca será mais do que um antro de labregos.

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7 comentários a “O mijão português, espelho do país”

  1. artur says:

    Muitos dos mijões são especialistas. Ver http://www.coiso.net/?p=3210

  2. E partires-lhes a boca toda, não é uma opção?
    “Se a violência não soluciona o teu problema, é porque não estás a usar o suficiente.”

    Sei que não é tão simples assim mas acredito que há pessoas que, infelizmente para todos, não compreendem outra “linguagem”.

    Uma queixa por escrito ao dono da garagem, com cópia para a PSP?

    • Bom, eu não sei quem é. Sei que acontece porque vejo o resultado e porque a senhora das limpezas já mo confirmou.

      Diz-me que “não conseguimos fazer com que parem”, o que me indica que já houve tentativas.

      Mas se te apetecer treinar em alvos vivos… :-)

  3. microft says:

    Este teu post fez-me lembrar uma cena que presenciei ainda esta semana:

    Estou a chegar ao meu local de trabalho quando passo por uma paragem de autocarro. Está lá um autocarro parado, a trabalhar e com passageiros dentro.
    Chamou-me a atenção pois não se via o motorista por perto.
    Uns metros mais a frente lá o encontrei, atrás de uma esquina, de braguilha aberta, a dar a sua mijinha contra a parede de um prédio residencial.

    De facto este é um pais de labregos.

  4. Bruno Figueiredo says:

    Só uma achega: só quem não viveu uns anos no estrangeiro é que pensa que em Portugal somos muito mais labregos, corruptos e incompetentes. Não, tudo isso existe lá fora (e os bifes são MUITO mais porcos que nós – têm é mais gente a limpar). O que não existe em Portugal – e atrevo-me a dizer que é o principal problema do país – é responsabilização. Podes fazer as maiores atrocidades e nunca te acontece nada. Até se matares ou violares alguém, a não ser que tenhas sido excepcionalmente violento, só apanhas com pena suspensa. Enquanto isso não se resolver, teremos o país que temos.

    • Eu tento não comparar com o estrangeiro precisamente porque já sei que… enfim, não sei, não conheço, mas suspeito que porcos e labregos há por todo o lado. A mim preocupam-me são os nacionais e sim, concordo, não há responsabilização, basta ver coisas como o Isaltino ou a Felgueiras…

  5. não há nada melhor que patinhar no mijo.

Responder a Rodolfo Matraquilho

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