Tiálogos XIII. Uma questão de língua.

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Provavelmente ainda não percebeste muito bem que os teus pais falam duas línguas contigo. Espero que isto não te confunda minimamente e, pelo contrário, te dê algum gozo sobretudo quando fores um pouco mais crescido.

Este Sábado conheceste o teu primo Daniel, que tem dois anos e meio e se entende bem tanto com o português como com o inglês, sendo que os pais viveram muitos anos na África do Sul e mudam entre as duas línguas com naturalidade.

Mas os teus pais não viveram muitos anos em lado nenhum senão no condado e não têm nenhuma explicação muito lógica para te oferecer que explique porquê esta expressão bilingue, a não ser que lhes dá gozo.

E depois… epá, há certas coisas que não dão muita hipótese, como por exemplo, as típicas músicas infantis.

Por um lado temos uma coisa como o “Row your boat”:

Row, row, row your boat, gently down the stream… etc

Inofensivo. E depois o hallmark das músicas infantis portuguesas:

Atirei o pau ao gato, mas o gato não morreu.

Tendo em conta que partilhas a casa com seis felinos, acho que prefiro ensinar-te canções sobre estrelinhas e barquinhos em vez de versos sobre matar gatos à paulada.

Será que, por esse Portugal fora, nunca nenhum paizinho se apercebeu o que versa esta canção?

Outra canção infantil que eu nunca compreendi, nem quando era puto, é o “Ai ai ai, minha machadinha”. Sinceramente… para começar demorei anos a saber o que raio era uma machadinha e quando finalmente percebi o que era, fiquei ainda mais confuso.

Quem escreve um verso infantil sobre roubo de ferramentas?

Completamente incompreensível, pelo que acho que, pelo que me toca, vou manter o meu reportório: Pink Floyd e Jimi Hendrix. A tua mãe trata das músicas infantis e quem quiser que te ensine sobre “alecrim aos molhos”; nem que passes anos a fio sem perceber o que é ou com que se parece alecrim nem porque faz chorar.

E entretanto, vai apanhando o que puderes de ambas as línguas, que não tens nada a perder. E cá para mim, se às vezes já tenho a certeza que tentas dizer “olá”, não tenho dúvidas que noutras ocasiões já te sai uma tentativa de “hello”.

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4 comentários a “Tiálogos XIII. Uma questão de língua.”

  1. Isa says:

    Acho que fazem muito bem! Eu a modos que cresci num meio bilingue, o inglês nunca foi novidade para mim o que me facilitou muitas coisas :)

  2. Conchita says:

    Acho muito bem ensinar a criança duas linguas, acredito que ela não ficara confusa, os meus primos desde pequeninos que falam 3 linguas ( português, inglês e espanhol) e não têm problema nenhum.
    Em relação as músicas infantis que mencionaste, tens toda a razão são medonhas, mas…
    Continuação de uma boa semana :)

  3. Nunca ensinei o atirei o pau ao gato ao meu filho.

    A escola, essa meca da pedagogia, encarregou-se disso.

  4. susana says:

    oh pa! Aqui vou dar-te umas dicas :P
    -bilingue: muito bem, os putos não se confundem. Quer dizer, é possível que um dia te diga que tem fome em inglês e logo a seguir peça pão em português. Mas isso passa e é uma mais valia para ele.
    -músicas… há que diferenciar. Existe “música tradicional portuguesa”, antiga (do século do calhau) e por isso as letras não nos fazem qualquer sentido. Também ensinamos disso nos jardins de infância, mas não nas creches. Nas creches a tradição fica-se pela oralidade, usando lengalengas e rimas que trabalham o ritmo e sílabas, um processo imprescindível para a aquilisão da linguagem verbal/oral. Mas sugiro-te um livro/cd excelente, nada estúpido e até engraçado: Adakibebe (www.musicateatral.com)
    abracinhos

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