Dos pequenos prazeres da vida

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Os seres humanos têm uma relação conflituosa com a existência. Tanto são notavelmente adaptáveis às mais adversas condições, sobrevivendo a tudo, ora se queixam que a vida é uma trampa.

Essa coisa, a que, genericamente, chamamos “vida”, é tão boa que nos recusamos a morrer – cada vez vivendo mais anos e aumentando a população do planeta – mas tão má que constantemente ouvimos expressões como “puta de vida” ou, “maldita vida de cão”.

Se a vida é “um bem precioso”, também é “cara” ou “difícil”. É, então, um paradoxo filosófico decorrente, parece-me, desta incómoda capacidade de raciocinar que afecta os seres humanos.

Quanto a mim não tenho dúvidas: a vida é fodida, mas vale a pena.

E às vezes são mesmo os pequenos prazeres – e não os grandes triunfos – que fazem a vida valer a pena. Como um golaço do Laurent Robert ao Vítor Baía, quase do meio campo, que acabou por dar a vitória do Benfica sobre o Porto.

Sabendo que nada disto vai mudar o mundo – talvez mesmo por isso – mesmo assim dá um gozo do caraças.

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Conversas sobre Jesus Cristo e outra maquinaria industrial

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Há algum tempo atrás – não muito – interrogava-me porque seria que eu, ateu relativamente convicto, usava exclamações como “meu deus” e “ai jesus” ou “valha-me o cristo” ou a minha preferida: “jesus, maria, josé!”.

Pronto, esta última na verdade não uso muito, mas digam lá que não é uma exclamação fantástica.

Apercebi-me então que a cultura cristã, ou judaico-cristã, está de tal forma embebida no tecido da nossa sociedade (ou será o dito tecido que está embebido na tal cultura?), que me é impossível não soltar um “meu deus”, ou mesmo um “oh deus!”, quando tenho um orgasmo.

Mais uma vez estou a mentir, mas queria mesmo usar a palavra “orgasmo”, neste artigo, porque acho que me dá um ar adulto e desinibido.

Bom, a minha conclusão do tal tecido embebido na tal substância cultural, não é propriamente original, nem algo em que não tivesse pensado antes, mas o que é facto é que me levou a concluir que a história de Jesus, o Cristo (porque Cristo não era apelido, era título), se tornou uma lenda que quase toda a gente (senão mesmo, toda a gente), conhece.

Se não conhecem a história completa, conhecem pelo menos as notas da contra-capa: José e Maria uma noite param num pardieiro, nasce um menino sob uma estrela; vêm três reis magos trazer presentes (por isso é que temos prendas no Natal); depois de crescido, o menino é pendurado numa cruz, morre e depois ressuscita e vai para o céu porque era filho de deus.

Toda a gente sabe isto.

E o que me parece, é que toda a gente sabe isto porque a coisa se tornou, como eu dizia mais atrás, uma lenda.

Esta é a altura em que eu seria apedrejado por padres e beatas em fúria, apesar de estarem a ir contra um dos pecados mortais (raiva) e um dos dez mandamentos (não matarás). Mas a verdade é que a história de Jesus, o Cristo, com mais ou menos detalhe, começa a confundir-se um pouco com a do Rei Artur ou a de Robin Hood.

Senão vejamos: discute-se se Jesus existiu, também não é certo que o Rei Artur tenha sido um verdadeiro rei e ninguém acredita lá muito no Robin Hood. Todos tinham super-poderes: Jesus transformava água em vinho; o Rei Artur arrancou a espada da pedra e o Robin Hood acertava num mosquito a 3 km, apesar de ser vesgo. E todos eram bons e justos: Jesus pregava o amor ao próximo; o Rei Artur era, tipo… huh… fixe; e todos sabemos que o Robin Hood roubava aos ricos para dar aos pobres – operação que devia repetir no sentido inverso quando os ricos ficavam pobres e os pobres, por via do saque, ricos.

Concluíndo: acho que, retirando a obscura obsessão eclesiástica com o poder e eliminando a religiosidade exacerbada de toda a história, “as aventuras de Jesus, o Cristo”, poderia ser um grande êxito juvenil, sendo também uma agradável leitura para adultos.

Tendo em conta que tanta gente lê o Harry Potter, não me custa nada a acreditar.

Acho portanto, que está na altura de escrever um livro que relate a vida de Jesus, o Cristo, sem religião! Será um grande desafio: punha-se um ateu a re-escrever os novos testamentos.

O ponto de partida é que Jesus, o Cristo, era um gajo cheio de ideias, que acabou lixado por um amigo que se vendeu para pagar uma dívida de jogo. Seria preciso contar toda a história, mas retirando todas as referências a deus, milagres e truques de ilusionismo duvidoso: nada de falar com os peixes, nada de transformar pedras em pão e sobretudo, nada de ressuscitar os mortos.

No final, veríamos se ainda achavam assim tanta piada a esse fulano…

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Doing ink

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Há uns tempos que ando a planear uma tatuagem. Como habitualmente, tem um significado especial para mim, mas não é apenas por isso que a quero.

Gosto de tatuagens.

E é por isso que aconselho a darem uma vista de olhos no portfolio de Anil Gupta, que contém algumas das mais fantásticas tatuagens que já vi.

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Enjoy

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Enjoy

Aqui há uns tempos ao olhar para o logo da Coca-cola, tive esta ideia e não resisti a concretizá-la.

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Poesia oral

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Hoje ao almoço discutíamos cunnilingus, tema habitual, quando me ocorreu que falta alguma poesia à coisa. Lembrei-me das artes marciais e como golpes ou movimentos, por vezes violentíssimos e causadores de múltiplas fracturas, têm nomes tão simpáticos e inspiradores como: “Senhor feudal convida para jantar”, “Empurrar a canoa” ou “Pescador carrega o peixe”.

Então resolvemos que era altura de alguém se encarregar de dar nomes a técnicas que são tão úteis no nosso dia-a-dia. Sei que apenas me preocupo com grandes causas da Humanidade e que, sem dúvida, este estudo virá a beneficiar as gerações futuras. Mas o que querem? Eu sou assim: um génio científico generoso.

Deixo à experiência de cada um identificar as técnicas pelo seu nome poético, evidentemente… não tinha graça nenhuma fazermos isto demasiado explícito, assim vos deixo a lista:

  • Elefante derruba a árvore
  • Moínho de maré roda com a corrente
  • Língua de lagarto fareja o ar
  • Serpente explora a toca
  • Crocodilo percorre os vales
  • Urso lambe o mel da colmeia

Como podem ver, a lista não é curta. Mas também não está completa e não me privarei de a rever e aumentar no futuro mais próximo.

Talvez até escreva um livro…

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