Domingo vulgar

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Acordei em sobressalto com um ruído estranho a vir da sala.

Ainda cambaleante, fui ver o que se passava e dei com um vortex inter-dimensional a lançar desalinho em redor. Nada estava no sítio, o que era um incómodo. Aproximei-me para analisar a situação e fui sugado.

Que aborrecimento, já não era propriamente cedo e queria aproveitar o Domingo.

Aterrei na minha casa outra vez, mas estava tudo invertido, tinha os móveis no tecto. Pensei logo: “quando for escrever isto no blog, ninguém vai acreditar”.

Foi então que fui abordado por um duende que me avisou que o Elefante azul me queria ver na sala do trono. “Claro que sim”, respondi, “Pois se tenho o carro todo sujo…”

Fui à sala do trono e um grande Elefante azul estava sentado num trono descomunal. “Gostas de tarte de sardinha?”, perguntou-me com um ar um pouco aborrecido.

“É sabido que não gosto de peixe”, respondi. “Nesse caso não compreendo porque estás aqui… afinal, eu telefonei primeiro.”, disse ele.

Era verdade, ele tinha-me telefonado, lembrei-me naquela altura. No dia posterior tinha recebido um telefonema, no frigorífico, mas como estava a engraxar as maçãs devo-me ter esquecido de anotar.

“Peço desculpa, majestade”, disse, respeitosamente enquanto abotoava a camisa, “Não voltará a acontecer, mas de facto, esqueci-me.”

Joguei o cavalo para a casa do Rei, desfazendo uma jogada complicada para o Elefante, por uma questão de facilitar as coisas. Tudo o que queria naquela altura era evitar dar xeque ao elefante, aborrecido já ele estava.

Saí pelo alçapão principal e encontrei-me na sala dos caracóis. Também não gosto de caracóis, este não era o meu dia de sorte.

Dirigi-me ao Albatroz que estava ao balcão e disse: “Boa tarde, eu tenho uma certa tracelga, sabe… um vazio espiritual na zona gástrica… e realmente já me afiambrava a umas almôndegas com esparguete…”

“Não actuamos na área das carnes picadas esculpidas à mão”, respondeu o Albatroz de uma forma um pouco ríspida para o meu gosto. Parti-lhe a cara.

Cantei os arpejos de abertura do “Babe, I’m Gonna Leave You”, dos Led Zeppelin e saltei pela janela em direcção ao último andar, não sem antes gamar uma tosta de atum que estava a acabar de fritar no tanque.

Comi e senti-me melhor. Acabei de cantar o “Babe, I’m Gonna Leave You”, dos Led Zeppelin e meti-me no carro; já era tarde e tinha que ir acabar de pintar os chapéus.

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