Bola e literatura

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

O mês é de futebol. Este campeonato da Europa está a ser tão bom que até o ADSS, que abomina futebol, fez uma referência à vitória portuguesa sobre os alemães (por 3-0, posso acrescentar). Os Espanhóis a perder por 3-2, conseguiram ganhar 4-3 aos Jugoslavos já nos 5 minutos de compensação. Os Holandeses ganharam 3-2 aos Franceses.

Para quem gosta de futebol é óptimo… é até bom para quem “só gosta de golos”.

Já fiz duas tentativas frustradas de escrever o diário no Palm (o meu palm ainda não tem nome)… se não arranjo uma solução para o ter permanentemente ligado ao port nunca o vou usar com eficiência. Mas já tenho umas ideias.

Hoje foi feriado. Fui ao ginásio de manhã, passei parte da tarde a trabalhar e outra parte a jogar Quake TDM e Q3F. O vício do q3f é brutal, hoje consegui estar em “primeiro” em número de frags (os frags não contam, só os pontos da equipa obtidos por capturar a bandeira inimiga), durante ainda um bom bocado, até os snipers começarem a coleccionar mais, como habitualmente.

A Michelle está bastante melhor… aliás, já age de forma completamente normal. Ainda me faz um pouco de confusão a maneira como no momento em que ela ficou doente eu sabia só de olhar para ela e também consegui ver quando é que o primeiro tratamento fez efeito e quanto tempo durou. Vivo com ela há tanto tempo que já a conheço melhor do que a algumas pessoas… e ela não fala.

Agora a Scully está a vir sorrateiramente roubar pedacinhos de bife que sobraram do meu jantar e a ir comê-los dois metros mais à frente, como se isso fizesse diferença.

Tenho andado a dormir bastante melhor. Tenho que agradecer à Dee e ao seu novo horário. Graças a ela levanto-me mais cedo. Mas o importante não é isso, é que me levanto *regularmente* à mesma hora. E deito-me mais ou menos regularmente também. O meu problema era muito o de me levantar ao meio-dia na segunda, depois às 9 na terça, depois às 11 na quarta, ás vezes às 8 outras às 7, outras já quase a meio da tarde. Depois uns dias ia para a cama às 5 da manhã e outros… bom e outros também. :)

Se haviam noites em que dormia 8 ou 9 horas, outras havia que dormia 3 ou 4, ou mesmo nenhuma, como chegou a acontecer. A regularidade ajudou muito; tenho adormecido razoavelmente bem (nem sempre), dormido bem e acordado um bocado ensonado mas sem vontade de voltar para a cama como me acontecia.

Também tenho andado com um apetite absolutamente voraz, o que não me agrada tanto por várias razões… não quero engordar, não quero gastar tanto dinheiro em Crunches e não tenho pachorra para estar sempre a arranjar comida.

Hoje comi um cornetto, um crunch, dois pratos de tremoços, uma taça de choco-crispies, um pacote de amendoins e uma sandes, tudo enquanto jogava 3 ou 4 rounds de TDM com o Godfather e o Cunhado… É uma da manhã e acabei de comer um bifão grelhado com batatas e ovo… o dia não passa sem umas litradas de coca-cola, claro.

Pronto, esta verborreia toda deverá compensar os três dias em que não disse nada…

Já os outros diaristas andam com pouco tempo e inspiração, ao que parece. A Kat parece que tem o Biscuit recheado de literatura para a gente, aguardo com ansiedade; o Cunhado não tem tempo; o ADSS escreve, mas pouco… É dura a vida de um devorador de diários.

Um dia destes hei-de tentar ser mais poético para que eventualmente o meu diário venha a ficar nos anais da história… tipo: «a noite estava húmida e eu, sentado àquela velha secretária que tinha sido do meu trisavô brasileiro, questionava-me, de forma algo passiva, sobre a natureza humana.

Será que temos a noção de que bem e mal são apenas conceitos demagógicos impostos pelas forças dominantes de todos os tempos? Aqueles cuja necessidade de dominar o futuro os leva a estrangular o presente e a desfigurar o passado para que se assemelhe mais a o que quer que seja que melhor serve os seus desígnios…»

Que tal? Não é difícil escrever de uma forma pateticamente pretensiosa, eu podia mesmo ganhar dinheiro com isto, parece-me. Pelo menos tanto quanto sei há por aí muitos espertalhões a ganhar prémios Nobel à custa do seu pretensiosismo patético.

É claro que há estilos que dão muito mais dinheiro, mas menos prémios Nobel: «Sílvia nunca tinha conhecido um homem assim. A figura máscula dos seus ombros amplos recortava-se contra o brilho da lua que entrava pela janela que dava sobre a piscina.

A luz ondulante reflectida pela superfície da água dançava no tecto. Ela aproximou-se por trás dele e tocou-lhe nas costas musculadas…»

Aaaahn?? Tenho jeitinho ou quê? Safo-me…

Claro que eu continuaria a história assim:

«(…)Ela aproximou-se por trás dele e tocou-lhe nas costas musculadas, ele virou-se, com o seu olhar latino, olhos negros sob sobrancelhas carregadas e com a voz profunda que a fazia tremer disse: “trás-me uma cerveja, carago, que tá quase a começar a bola! e vê lá se vestes qualquer coisa que vem aí o Mendes pra ver o Benfica na tulvisão da sala e eu não te quero nesse estado!”»

E pronto, é por isto que nunca hei-de ir a lado nenhum como escritor.

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